terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Enviada por meu amigo Carlinhos e eu dedico à todos os meus amigos, inclusive ele, é claro.Lindaaaaaaa!
Minha Oração no final de Ano
Senhor Deus, dono do tempo e da eternidade,
Teu é o hoje e o amanhã, o passado e o futuro.
Ao acabar mais um ano,
quero Te dizer obrigada por tudo aquilo que recebí de Ti.
Obrigada pela vida e pelo amor, pelas flores, pelo ar e pelo sol,
pela alegria e pela dor, pelo o que foi possível e pelo o que não foi.
Ofereço-te tudo o que fiz neste ano, o trabalho que pude realizar,
as coisas que passaram pelas minhas mãos e o que com elas pude construir.
Apresento-te as pessoas que ao longo destes meses amei,
as amizades novas e os antigos amores.
Os que estão perto de mim e aqueles que pude ajudar,
as com quem compartilhei a vida, o trabalho, a dor e a alegria.
Mas também, Senhor, hoje quero Te pedir perdão.
Perdão pelo tempo perdido, pelo dinheiro mal gasto,
pela palavra inútil e ao amor desperdiçado.
Perdão pelas obras vazias e pelo trabalho mal feito,
perdão por viver sem entusiasmo.
Também pela oração que aos poucos fui adiando e que agora venho apresentar-Te,
por todos meus esquecimentos, descuidos e silêncios,
novamente Te peço perdão.
Nos próximos dias começaremos um novo ano.
Para a minha vida diante do novo calendário que ainda não sei se iniciou
e te apresento estes dias, que somente Tu sabes se chegarei a vivê-los.
Hoje, Te peço para mim, meus parentes e amigos, a paz e a alegria,
a fortaleza e a prudência, a lucidez e a sabedoria.
Quero viver cada dia com otimismo e bondade,
levando a toda parte um coração cheio de compreensão e paz.
Fecha meus ouvidos a toda falsidade e meus lábios a palavras mentirosas,
egoístas ou que magoem.
Abra sim, meu ser a tudo o que é bom.
Que meu espírito seja repleto somente de bênçãos para que as derrame por onde passar.
Senhor, a meus amigos que lêem esta mensagem,
enche-os de sabedoria, paz e amor.
E que nossa amizade dure para sempre em nossos corações.
Enche-me, também, de bondade e alegria para que todas as pessoas que eu encontrar
no meu caminho possam descobrir em mim um pouquinho de Ti.
Dá-nos um ano feliz, e ensina-nos a repartir a felicidade.
Amém!
Beijos no coração!
domingo, 14 de dezembro de 2008
REFLEXÕES SOBRE O NATAL
Reflexões sobre o Natal
442 Reformador • Dezembro 2006
Editorial
Natal normalmente provoca em nós a lembrança da Manjedoura de Belém,
com a aparição dos anjos, convocando os homens de Boa Vontade,
para o nascimento de Jesus.
No período em que esteve conosco, aqui na Terra, Jesus teve sua presença marcada
por ensinos e exemplos que influenciaram profundamente o destino dos
homens.
Não acumuleis tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças os consomem e onde
os ladrões os desenterram e roubam. Acumulai tesouros no céu, onde nem a ferrugem,
nem as traças os consomem; porquanto, onde está o vosso tesouro aí está também o
vosso coração. (Mateus, 6:19-21.)
Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça, que todas essas coisas vos
serão dadas de acréscimo. (Mateus, 6:33.)
Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e
achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.
(Mateus, 11:28-30.)
Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
(Mateus, 16:24.)
[...] aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; e aquele que quiser ser o
primeiro entre vós seja vosso escravo [...]. (Mateus, 20:26-27.)
Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.
(João, 13:35.)
Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas
moradas na casa de meu Pai [...]. (João, 14:1-2.)
Eu sou o Caminho, e a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
(João, 14:6.)
Como vemos, as comemorações do Natal oferecem-nos a oportunidade de profundas
reflexões, seja com relação à constante manifestação do Amor Divino em
favor da Humanidade, seja com relação ao permanente convite que Jesus nos faz
para o nosso próprio aprimoramento, vivenciando a Lei de Deus.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
RELACIONAMENTO HUMANO E TECNOLOGIA
Lindo texto que extrai do site da ABRADE...Vejam....
Relacionamento humano e tecnologia
CONSTRUTORES DE PONTES
"Você sabe o que é um Pontífice? Certamente que sim.
Pontífice é o sacerdote de maior hierarquia numa religião. Por
exemplo: o Papa é um "pontífice". Contudo, queremos falar sobre o
significado desta palavra na Antigüidade. Pontífice era um
construtor de pontes.
Como você pode perceber, todos nós podemos ser pontífices,
mesmo que não tenhamos a menor idéia de como se constrói uma
ponte de madeira, de aço ou de concreto. Podemos construir pontes de
relacionamento entre nós e outras pessoas Essa ponte deve partir do
nosso coração para os corações das outras pessoas.
Construir pontes é construir relacionamentos, e para que esse
relacionamento seja saudável e duradouro temos que respeitar as
características da pessoa, ao mesmo tempo em que anulamos ou
controlamos alguns dos nossos impulsos menos felizes."
Amilcar Del Chiaro Filho
Os últimos duzentos anos modificaram profundamente a face do planeta.
Nações antes poderosas mergulharam no esquecimento e novos poderes se
estabeleceram com base na automação e na informatização.
Avanços significativos que se por um lado trouxeram grandes
benefícios materiais e possibilidades novas, por outro tornaram a
vida sofisticada e no entanto, mais triste.
O texto que usamos como epígrafe nos sugere a construção de novas
pontes de relacionamento, diante das transformações havidas e não
totalmente assimiladas pelo grosso da população, o que tem gerado
não apenas o distanciamento entre as gerações, como também o
esfriamento nas relações humanas.
As relações sociais sofreram profundas mudanças, e no seu bojo a
família tradicional perdeu seu lugar, bem como a sociedade, tal como
a concebíamos, também se extinguiu no torvelinho das dores
coletivas e das prementes necessidades de sobrevivência, que levam
milhões de homens e mulheres de todas as idades a viver em busca do
sustento diário sob condições adversas, sem muitos espaços ou
momentos de convivência que alimentem o espírito cansado pelas
lutas diárias.
A sociedade hoje, disse Umberto Eco, não é mais como uma praça
onde as pessoas se encontravam para comerciar, para trocar idéias,
relacionarem-se, informarem-se e compartilhar experiências. A
sociedade hoje é como uma avenida, onde as pessoas passam umas pelas
outras sem se verem ou se falarem, apenas observando as vitrines.
Nem mesmo Kubrick poderia imaginar que 2001 chegaria e passaria sem
nenhuma odisséia no espaço. Pelo contrário, um episódio que
mudaria os rumos da história aconteceu aqui mesmo em terra firme. Nem
George Orwell, em seu "1984", imaginou que o Grande Irmão se
faria tão onipotente com olhos eletrônicos onipresentes e vozes
monotônicas e repetitivas até a exaustão. Um admirável mundo
novo não pensado por Huxley está aí, à nossa volta, onde
cabe muito bem o Eu robô, de Isaac Asimov.
Em meio a todos esses prognósticos sombrios, uma humanidade cansada
de guerras anseia por segurança e paz, diante do fim das energias
utópicas e das ideologias. Restou um amplo espaço para todos os
tipos de esoterismos e para seitas que buscam preencher os vazios
existenciais e o desespero das multidões miseráveis com uma
teologia que promete prosperidade infinita. Há uma busca generalizada
por um propósito e um novo sentido para a existência.
A tecnologia da qual nos servimos quase que obrigatoriamente,
paradoxalmente nos une, limita e separa. Na era da comunicação temos
dificuldades para encontrar tempo para relacionamentos mais estáveis.
"Não tenho tempo". Essa é uma frase comum, e aqueles que
as pronunciam em geral não estão mentindo. A mesma tecnologia que
nos possibilita rápidos contatos nos impede o diálogo com calor
humano. Essa é a mesma tecnologia que nos rouba o tempo para conviver
e saborear a vida.
Alteridade é uma palavra que ainda soa estranha aos nossos ouvidos.
Propõe uma nova ética de relacionamento e, portanto, um novo
comportamento perante os que pensam ou são diferentes de nós.
Não um relacionamento morno e amorfo, pasteurizado, onde não possa
existir a divergência e as diferenças naturais de opinião, que
são indicadores de saúde e vitalidade na comunidade humana.
Somente a tirania e o despotismo podem estabelecer o silêncio
absoluto e a paz de superfície. A alteridade é possível se
houver a superação da robotização dos relacionamentos.
Apesar do quadro sombrio que se nos apresenta, é preciso convir que a
humanidade tem sabido contornar situações-limite ao longo de sua
história. Assírios e babilônios, caldeus e persas, egípcios,
gregos e romanos, superaram as ausências dos pilares de
sustentação de suas civilizações e aqui estamos, herdeiros do
nosso passado, diante da necessidade de reinventar caminhos, desta vez
mais amplos, por onde possam passar mais e mais pessoas.
Num mundo onde a violência predomina, o diálogo, a convivência
respeitosa e a disposição de ouvir o outro e solucionar conflitos sem
confrontos, torna-se questão de sobrevivência. Alguns mais
pessimistas antecipam o cliocídio, o fim da história. Porém, a
felicidade é possível, embora só possa ser conjugada no futuro,
pois no presente apenas ansiamos por ela e a construímos aos poucos.
A convivência com base no diálogo também é possível, mas
depende de determinação e de boa vontade, de disposição de
espírito e abertura para um longo e talvez penoso exercício de
tolerância baseada no respeito pelas razões alheias.
- Paulo R. Santos (MG)
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
AMOR ALIMENTO DIVINO - HUGO ALVARENGA NOVAES
Lembremo-nos das sábias palavras de Jesus, quando, no deserto, depois de ter jejuado
por quarenta dias, afirmou que o homem não viverá apenas de pão. (Mateus, 4:4.)
Com isso, Ele quis nos mostrar que são mais importantes os alimentos espirituais que os materiais.
Sem dúvida alguma, o amor encabeça a lista destes últimos nutrientes.
O divino Nazareno nos mostra, em suas palavras, que o amor é condição sine qua non para que
obtenhamos grandes venturas. O mandamento maior (Mateus, 22:37-40) concita-nos a fazer o bem.
Quem realmente ama a Deus acima de tudo reconhece que todos os dias foram feitos iguais para
servir ao semelhante: ama ao próximo como a si mesmo, honra pai e mãe, não mata, não comete
adultério, não levanta falso testemunho e não cobiça coisa alguma de quem quer que seja.
O meigo Mestre galileu deixou lição inesquecível, quando asseverou ao fariseu orgulhoso que amar a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo é um mandamento que exprime muito bem toda a lei de
Moisés e tudo o que disseram os profetas.
Com certeza o amor é o maior sustentáculo dos seres humanos.
Semelhante aos alimentos materiais, que são fontes de energia imprescindíveis para a manutenção
das funções vitais das criaturas, o amor, indiscutivelmente, é o principal nutriente para o Espírito.
Quanto mais nos enriquecermos de valores morais, mais próximo estaremos de Deus.
O Divino Rabi não nos preceituou que “amássemos uns aos outros” (João, 13:34) objetivando
apenas a caridade material. Recomendava-nos, de igual maneira, que nos alimentássemos mutuamente
de simpatia e fraternidade, que são os grandes patrimônios do “amor profundo” e que, indubitavelmente,
nos sustentam a alma.
Este último sentimento é o pão divino, nutriente sublime dos corações.
Se o “amor do próximo” é a base da caridade, “amar os inimigos”(Mateus, 5:44) é a mais excelsa
“aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias
alcançadas contra o egoísmo e o orgulho”. (Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
XII, item 3.)
O amor é lei da vida. Se não houvesse amor, nada faria sentido, pois só existimos porque Deus nos
sustenta com o seu amor.
“ Bu s q u e m o s , então, meditar sobre o que temos e o que não temos, sobre quem somos
e sobre quem não somos, a respeito do que fazemos e do que não fazemos, guardando a
convicção de que sem Amor – Alimento a presença do amor naquilo que temos, no que fazemos e no que somos,
estaremos imensamente pobres, profundamente carentes, desvitalizados.
A inteligência sem amor nos faz perversos. A justiça sem amor nos faz insensíveis e vingativos.
A diplomacia sem amor nos faz hipócritas. O êxito sem amor nos faz arrogantes. A riqueza
sem amor nos faz avaros. A pobreza sem amor nos faz orgulhosos. A beleza sem amor nos faz
ridículos. A autoridade sem amor nos faz tiranos. O trabalho sem amor nos faz escravos. A simplicidade
sem amor nos deprecia. A oração sem amor nos faz calculistas. A lei sem amor nos escraviza.
A política sem amor nos faz egoístas. A fé sem amor nos torna fanáticos. A cruz sem amor se
converte em tortura. A vida sem amor... Bem, sem amor a vida não tem sentido...” (Fonte: CD Momento
Espírita, volume 7, faixa 3.)
Paulo demonstra que compreendera exatamente os ensinos e exemplos do Cristo ao afirmar que
mesmo quando ele falasse a língua dos anjos, conhecesse toda a ciência, conseguisse transportar os
montes, repartisse seus bens ou entregasse o próprio corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada
disso lhe aproveitaria. (I Coríntios,13:1-7.)
Tenhamos, assim, como via por excelência de nossa elevação moral e espiritual, a prática do amor,
da caridade como Jesus a entendia: benevolência para com todos, indulgência para com os erros
alheios, perdão das ofensas.
Março 2008 • Reformador 115 37
domingo, 7 de dezembro de 2008
RELACIONAMENTO HUMANO E TECNOLOGIA
Relacionamento humano e tecnologia
CONSTRUTORES DE PONTES
“Você sabe o que é um Pontífice? Certamente que sim. Pontífice é o sacerdote de maior hierarquia numa religião. Por exemplo: o Papa é um "pontífice". Contudo, queremos falar sobre o significado desta palavra na Antigüidade. Pontífice era um construtor de pontes.
Como você pode perceber, todos nós podemos ser pontífices, mesmo que não tenhamos a menor idéia de como se constrói uma ponte de madeira, de aço ou de concreto. Podemos construir pontes de relacionamento entre nós e outras pessoas Essa ponte deve partir do nosso coração para os corações das outras pessoas.
Construir pontes é construir relacionamentos, e para que esse relacionamento seja saudável e duradouro temos que respeitar as características da pessoa, ao mesmo tempo em que anulamos ou controlamos alguns dos nossos impulsos menos felizes.”
Amilcar Del Chiaro Filho
Os últimos duzentos anos modificaram profundamente a face do planeta. Nações antes poderosas mergulharam no esquecimento e novos poderes se estabeleceram com base na automação e na informatização. Avanços significativos que se por um lado trouxeram grandes benefícios materiais e possibilidades novas, por outro tornaram a vida sofisticada e no entanto, mais triste.
O texto que usamos como epígrafe nos sugere a construção de novas pontes de relacionamento, diante das transformações havidas e não totalmente assimiladas pelo grosso da população, o que tem gerado não apenas o distanciamento entre as gerações, como também o esfriamento nas relações humanas.
As relações sociais sofreram profundas mudanças, e no seu bojo a família tradicional perdeu seu lugar, bem como a sociedade, tal como a concebíamos, também se extinguiu no torvelinho das dores coletivas e das prementes necessidades de sobrevivência, que levam milhões de homens e mulheres de todas as idades a viver em busca do sustento diário sob condições adversas, sem muitos espaços ou momentos de convivência que alimentem o espírito cansado pelas lutas diárias.
A sociedade hoje, disse Umberto Eco, não é mais como uma praça onde as pessoas se encontravam para comerciar, para trocar idéias, relacionarem-se, informarem-se e compartilhar experiências. A sociedade hoje é como uma avenida, onde as pessoas passam umas pelas outras sem se verem ou se falarem, apenas observando as vitrines.
Nem mesmo Kubrick poderia imaginar que 2001 chegaria e passaria sem nenhuma odisséia no espaço. Pelo contrário, um episódio que mudaria os rumos da história aconteceu aqui mesmo em terra firme. Nem George Orwell, em seu “1984”, imaginou que o Grande Irmão se faria tão onipotente com olhos eletrônicos onipresentes e vozes monotônicas e repetitivas até a exaustão. Um admirável mundo novo não pensado por Huxley está aí, à nossa volta, onde cabe muito bem o Eu robô, de Isaac Asimov.
Em meio a todos esses prognósticos sombrios, uma humanidade cansada de guerras anseia por segurança e paz, diante do fim das energias utópicas e das ideologias. Restou um amplo espaço para todos os tipos de esoterismos e para seitas que buscam preencher os vazios existenciais e o desespero das multidões miseráveis com uma teologia que promete prosperidade infinita. Há uma busca generalizada por um propósito e um novo sentido para a existência.
A tecnologia da qual nos servimos quase que obrigatoriamente, paradoxalmente nos une, limita e separa. Na era da comunicação temos dificuldades para encontrar tempo para relacionamentos mais estáveis. “Não tenho tempo”. Essa é uma frase comum, e aqueles que as pronunciam em geral não estão mentindo. A mesma tecnologia que nos possibilita rápidos contatos nos impede o diálogo com calor humano. Essa é a mesma tecnologia que nos rouba o tempo para conviver e saborear a vida.
Alteridade é uma palavra que ainda soa estranha aos nossos ouvidos. Propõe uma nova ética de relacionamento e, portanto, um novo comportamento perante os que pensam ou são diferentes de nós. Não um relacionamento morno e amorfo, pasteurizado, onde não possa existir a divergência e as diferenças naturais de opinião, que são indicadores de saúde e vitalidade na comunidade humana. Somente a tirania e o despotismo podem estabelecer o silêncio absoluto e a paz de superfície. A alteridade é possível se houver a superação da robotização dos relacionamentos.
Apesar do quadro sombrio que se nos apresenta, é preciso convir que a humanidade tem sabido contornar situações-limite ao longo de sua história. Assírios e babilônios, caldeus e persas, egípcios, gregos e romanos, superaram as ausências dos pilares de sustentação de suas civilizações e aqui estamos, herdeiros do nosso passado, diante da necessidade de reinventar caminhos, desta vez mais amplos, por onde possam passar mais e mais pessoas.
Num mundo onde a violência predomina, o diálogo, a convivência respeitosa e a disposição de ouvir o outro e solucionar conflitos sem confrontos, torna-se questão de sobrevivência. Alguns mais pessimistas antecipam o cliocídio, o fim da história. Porém, a felicidade é possível, embora só possa ser conjugada no futuro, pois no presente apenas ansiamos por ela e a construímos aos poucos.
A convivência com base no diálogo também é possível, mas depende de determinação e de boa vontade, de disposição de espírito e abertura para um longo e talvez penoso exercício de tolerância baseada no respeito pelas razões alheias.
- Paulo R. Santos (MG)
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
O PROBLEMA RELIGIOSO
O problema religioso
Por Herculano Pires
A natureza religiosa de "O Livro dos Espíritos", ressalta desde as suas primeiras páginas. Como já vimos, Kardec o inicia pela definição de Deus. Mas o Deus espírita não é antropomórfico, não é um ser constituído à imagem e semelhança do homem, como o das religiões. A definição espírita é incisiva: "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas".
Assim como, para Espinosa, Deus é a substância infinita, para Kardec é a inteligência infinita. Mas assim como erraram os que confundiram a substância espinosiana com o Universo, assim também se enganaram os que confundem a inteligência infinita com o homem finito, e a religião espírita com os formalismos religiosos.
Os atributos de Deus não se confundem com os precários atributos humanos: Ele é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom. Deus não se confunde com o Universo, pois é o criador e o mantenedor do Universo. Entretanto, ao tratar da justiça de Deus, vemos Kardec empregar uma terminologia antropomórfica, falando em castigos e recompensas, o que tem dado motivo a afirmar-se que o Deus espírita é semelhante ao das religiões.
A explicação desse fato, que à primeira vista parece contraditório, está na questão décima: "O homem pode compreender a natureza íntima de Deus? - Não. Falta-lhe, para tanto, um sentido". E logo a seguir vem a explicação de Kardec a respeito. Mais adiante, no item treze, encontramos a resposta de que os atributos de Deus, a que nos referimos acima, são apenas uma interpretação humana, aquilo que o homem pode conceber a respeito de Deus, no seu estágio atual de evolução. Kardec, portanto, emprega a linguagem que podemos empregar, de maneira compreensiva, para tratar de Deus. Não humaniza a Deus, mas apenas o coloca ao alcance da compreensão humana.
Não obstante, a natureza suprema de Deus, como inteligência infinita e causa primária, é sempre resguardada. Vemos isso em todo o primeiro capítulo e em muitas outras passagens do livro. No capítulo sobre o Panteísmo, qualquer confusão entre o Criador e a Criação foi afastada. O Deus espírita não é antropomórfico, mas também não é panteísta. Por outro lado, "O Livro dos Espíritos" veda imediatamente o caminho às especulações ilusórias e imaginosas sobre a natureza de Deus.
Uma vez que falta ao homem o meio de compreendê-lo, inútil será tentar a sua definição através de suposições ingênuas ou atrevidas. É o que vemos no item 14º do primeiro capítulo, no estabelecimento de um princípio que define de maneira absoluta a posição do Espiritismo em face do problema, separando-o decisivamente de todas as escolas de teologia especulativa ou de ocultismo de qualquer espécie. Vejamos esse trecho fundamental, podendo o leitor encontrá-lo no lugar próprio deste volume: "Deus existe, não o podeis duvidar, e isso é o essencial. Acreditai no que vos digo e não queirais ir além. Não vos percais num labirinto, de onde não podereis sair.
Isso não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, pois, de lado, todos esses sistemas; tendes que vos desembaraçar de muitas coisas que vos tocam mais diretamente. Isto vos será mais útil do que querer penetrar o que é impenetrável".
Deus, como inteligência infinita ou suprema, é o que é. Não comporta especulações ociosas, definições imaginosas. O homem deve conter-se nos limites de si mesmo, cuidar das suas imperfeições, melhorar-se. Basta-lhe saber que Deus existe, e que é justo e bom. Disso ele não pode duvidar, porque "pela obra se reconhece o obreiro", a própria natureza atesta a existência de Deus, sua própria consciência lhe diz que ele existe, e a lei geral da evolução comprova a sua justiça e a sua bondade. Descartes dizia que, Deus está na consciência do homem, como a marca o obreiro, na sua obra. Os Espíritos confirmam esse princípio, mas vão além, mostrando que a marca do obreiro está em todas as coisas, na natureza inteira. A negação de Deus é, para o Espiritismo, como a negação do sol. O ateu, o descrente, não é um condenado, um pecador irremissível, mas um cego, cujos olhos podem ser abertos, e realmente o serão. Porque Deus é necessariamente existente, segundo o princípio cartesiano. Nada se pode entender sem Deus. Ele é o centro e a razão de ser de tudo quanto existe. Tirar Deus do universo é como tirar o sol do nosso sistema. Simples absurdo.
Mas, pelo fato de não ter a forma humana, de não se assemelhar ao homem, no tocante à constituição física deste, não se segue que Deus esteja distante do homem e indiferente a ele. O Deus espírita se assemelha ao aristotélico, pelo seu poder de atração, mas se afasta dele, quanto à indiferença em relação ao cosmos. Porque Deus é providência, Deus é amor, é o criador e o pai de tudo e de todos.
O universo se define por uma tríade, semelhante às triades druídicas: Deus, espírito e matéria. Vemos isso no item 27, quando Kardec pergunta se existem dois elementos gerais, o espírito e a matéria, e os Espíritos respondem: "Sim, e acima de ambos, Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Essas três coisas são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal". A matéria, porém, não é só o elemento palpável, pois há nela o fluido universal, o seu lado fluídico, que desempenha o papel de intermediário entre o plano espiritual e o propriamente material.
Diante dessa concepção, surge um problema de ordem teológica e escriturística. Se Deus não se assemelha ao homem, como entender-se a passagem bíblica segundo a qual ele criou o homem à sua imagem e semelhança? A explicação vem no item 88, quando Kardec pergunta pela forma do Espírito, não daquele que ainda está revestido do corpo espiritual ou perispírito, mas do espírito puro.
Vejamos a pergunta e a resposta no original: "Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante? - Aos vossos olhos, não; aos nossos, sim. Eles são, se o quiserdes, uma flama, um clarão ou uma centelha etérea". Como se vê, o homem, na sua essência, - naquilo unicamente em que ele pode assemelhar-se a Deus: - não é um animal de carne e osso, nem mesmo uma forma humana em corpo espiritual, mas uma centelha etérea. Foi assim que Deus o fêz à sua imagem e semelhança.
Colocando o problema fundamental de Deus e da criação, "O Livro dos Espíritos" entra pelo controvertido terreno da destinação humana. Sua concepção deísta do Universo é necessariamente teológica. Tudo avança para Deus, do átomo ao arcanjo, como vimos no item 540, e à frente dessa marcha, no plano terreno, encontra-se o homem. Vêmo-lo numa escala evolutiva, na terra como no espaço: do imbecil ao sábio, do criminoso ao santo.
A "escala espírita", que começa no item 100, nos oferece uma visão esquemática dessa escada de Jacó, que vai da terra ao céu. O estudo da "progressão dos espíritos", que começa no item 114, nos mostra a necessidade do esforço próprio para que o Espírito se realize a si mesmo, revelando-nos ao mesmo tempo o papel da Providência, sempre amorosamente voltada para as criaturas. No estudo sobre "anjos e demônios", que se inicia no item 128, defrontando-nos com um debate teórico sobre passagens evangélicas. O problema da justiça de Deus é equacionado à luz dos ensinos de Cristo, no seu verdadeiro sentido.
À seguir, "O Livro dos Espíritos" trata da encarnação dos Espíritos e da finalidade da vida terrena. Combate o materialismo, mostrando a sua inconsistência. Não são os estudos que levam o homem a ele, não é o desenvolvimento do conhecimento que o torna materialista, mas apenas a sua vaidade. É o que vemos no item 148: "Não é verdade que o materialismo seja uma conseqüência desses estudos. É o homem que deles tira uma falsa conseqüência, pois ele pode abusar de tudo, mesmo das melhores coisas".
Kardec corrobora a tese dos Espíritos: o materialismo é uma aberração da inteligência. É o que nos diz no início do seu comentário: "Por uma aberração da inteligência, há pessoas que não vêem nos seres orgânicos nada mais que a ação da matéria, e a esta atribuem todos os nossos atos".
E assim prossegue o livro, todo ele impulsionado pelo sopro do espírito, impregnado pelo sentimento religioso, e mais particularmente, pelo sentido cristão desse sentimento. Quando, no item 625, Kardec pergunta qual o tipo humano mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modêlo, a resposta é incisiva: "Vede Jesus". E Kardec comenta: "Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na Terra".
A religião espírita se traduz em espírito e verdade. O que interessa a Deus não é a precária exterioridade dos ritos e do culto convencional, quase sempre vazio: é o pensamento e o sentimento do homem. A adoração da divindade é uma lei natural, quanto a lei de gravidade. O homem gravita para Deus, como a pedra gravita para a terra e esta para o sol. Mas as manifestações exteriores da adoração não são necessárias.
No item 653, vemos a clara resposta dos Espíritos a respeito: "A verdadeira adoração é a do coração. Em todas as vossas ações, pensai sempre que um Senhor vos observa". A vida contemplativa é condenada, porque inútil, assim também a monacal, pois Deus não quer o cultivo egoísta do sentimento religioso, mas a prática da caridade, a experiência viva e constante do amor, através das relações humanas.
"O Livro dos Espíritos" não deixa de lado o problema do culto religioso, que necessita manifestar a sua religiosidade:
Essa manifestação se verifica nas formas naturais de adoração, uma das quais é a prece. Pela prece, o homem pensa em Deus, aproxima-se dele, põe-se em comunhão com ele. É o que vemos a partir do item 658. Pela prece, o homem pode evoluir mais depressa, elevar-se mais ràpidamente sobre si mesmo. Mas a prece também não pode ser apenas formal. Por ela, podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer a Deus, mas desde que o façamos com o coração, e não apenas com os lábios.
Temos assim a religião espírita, que mais tarde se definirá de maneira mais objetiva ou direta em "O Evangelho, segundo o Espiritismo". Uma religião psíquica, como a chamou Conan Doyle, equivalente à "religião dinâmica" de Bergson. No capítulo V da "Conclusão", Kardec afirma: "O Espiritismo é forte porque se apóia nas próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e recompensas futuras, e porque sobretudo mostra essas penas e compensas como conseqüências naturais da vida terrena, oferecendo um quadro do futuro em que nada pode ser contestado pela mais exigente razão". Enfim: religião positiva, baseada nas leis naturais, destituída de aparatos misteriosos e de teologia imaginosa.
Para completar o quadro religioso de "O Livro dos Espíritos" temos ainda o capítulo XII do Livro III e todo o Livro IV. No capítulo referido Kardec trata do aperfeiçoamento moral do homem, encara os problemas referentes às virtudes e aos vícios, às paixões, ao egoísmo, define por fim o caráter do homem de bem e conclui com uma mensagem de Santo Agostinho sobre a maneira de conhecermos a nós mesmos. No Livro IV temos um capítulo sobre as penas e gozos terrenos, que é um código da vida moral na terra, verdadeiro catecismo da conduta espírita, e um capítulo sobre as penas e gozos futuros, sobre as conseqüências espirituais do nosso comportamento terreno.
Capítulo da introdução redigida por Herculano Pires para o "O Livro dos Espíritos", por ocasião da edição especial da LAKE, comemorativa do centenário da obra, em 18 de abril de 1957.
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