terça-feira, 30 de dezembro de 2008




Enviada por meu amigo Carlinhos e eu dedico à todos os meus amigos, inclusive ele, é claro.Lindaaaaaaa!

Minha Oração no final de Ano


Senhor Deus, dono do tempo e da eternidade,
Teu é o hoje e o amanhã, o passado e o futuro.

Ao acabar mais um ano,
quero Te dizer obrigada por tudo aquilo que recebí de Ti.



Obrigada pela vida e pelo amor, pelas flores, pelo ar e pelo sol,
pela alegria e pela dor, pelo o que foi possível e pelo o que não foi.

Ofereço-te tudo o que fiz neste ano, o trabalho que pude realizar,
as coisas que passaram pelas minhas mãos e o que com elas pude construir.

Apresento-te as pessoas que ao longo destes meses amei,
as amizades novas e os antigos amores.


Os que estão perto de mim e aqueles que pude ajudar,
as com quem compartilhei a vida, o trabalho, a dor e a alegria.

Mas também, Senhor, hoje quero Te pedir perdão.
Perdão pelo tempo perdido, pelo dinheiro mal gasto,
pela palavra inútil e ao amor desperdiçado.

Perdão pelas obras vazias e pelo trabalho mal feito,
perdão por viver sem entusiasmo.



Também pela oração que aos poucos fui adiando e que agora venho apresentar-Te,
por todos meus esquecimentos, descuidos e silêncios,
novamente Te peço perdão.

Nos próximos dias começaremos um novo ano.
Para a minha vida diante do novo calendário que ainda não sei se iniciou
e te apresento estes dias, que somente Tu sabes se chegarei a vivê-los.

Hoje, Te peço para mim, meus parentes e amigos, a paz e a alegria,
a fortaleza e a prudência, a lucidez e a sabedoria.


Quero viver cada dia com otimismo e bondade,
levando a toda parte um coração cheio de compreensão e paz.

Fecha meus ouvidos a toda falsidade e meus lábios a palavras mentirosas,
egoístas ou que magoem.

Abra sim, meu ser a tudo o que é bom.
Que meu espírito seja repleto somente de bênçãos para que as derrame por onde passar.




Senhor, a meus amigos que lêem esta mensagem,
enche-os de sabedoria, paz e amor.
E que nossa amizade dure para sempre em nossos corações.

Enche-me, também, de bondade e alegria para que todas as pessoas que eu encontrar
no meu caminho possam descobrir em mim um pouquinho de Ti.

Dá-nos um ano feliz, e ensina-nos a repartir a felicidade.
Amém!



Beijos no coração!

domingo, 14 de dezembro de 2008

REFLEXÕES SOBRE O NATAL


Reflexões sobre o Natal

442 Reformador • Dezembro 2006
Editorial

Natal normalmente provoca em nós a lembrança da Manjedoura de Belém,
com a aparição dos anjos, convocando os homens de Boa Vontade,
para o nascimento de Jesus.
No período em que esteve conosco, aqui na Terra, Jesus teve sua presença marcada
por ensinos e exemplos que influenciaram profundamente o destino dos
homens.
Não acumuleis tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças os consomem e onde
os ladrões os desenterram e roubam. Acumulai tesouros no céu, onde nem a ferrugem,
nem as traças os consomem; porquanto, onde está o vosso tesouro aí está também o
vosso coração. (Mateus, 6:19-21.)
Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça, que todas essas coisas vos
serão dadas de acréscimo. (Mateus, 6:33.)
Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e
achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.
(Mateus, 11:28-30.)
Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
(Mateus, 16:24.)
[...] aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; e aquele que quiser ser o
primeiro entre vós seja vosso escravo [...]. (Mateus, 20:26-27.)
Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.
(João, 13:35.)
Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas
moradas na casa de meu Pai [...]. (João, 14:1-2.)
Eu sou o Caminho, e a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
(João, 14:6.)
Como vemos, as comemorações do Natal oferecem-nos a oportunidade de profundas
reflexões, seja com relação à constante manifestação do Amor Divino em
favor da Humanidade, seja com relação ao permanente convite que Jesus nos faz
para o nosso próprio aprimoramento, vivenciando a Lei de Deus.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

RELACIONAMENTO HUMANO E TECNOLOGIA




Lindo texto que extrai do site da ABRADE...Vejam....

Relacionamento humano e tecnologia

CONSTRUTORES DE PONTES

"Você sabe o que é um Pontífice? Certamente que sim.
Pontífice é o sacerdote de maior hierarquia numa religião. Por
exemplo: o Papa é um "pontífice". Contudo, queremos falar sobre o
significado desta palavra na Antigüidade. Pontífice era um
construtor de pontes.

Como você pode perceber, todos nós podemos ser pontífices,
mesmo que não tenhamos a menor idéia de como se constrói uma
ponte de madeira, de aço ou de concreto. Podemos construir pontes de
relacionamento entre nós e outras pessoas Essa ponte deve partir do
nosso coração para os corações das outras pessoas.

Construir pontes é construir relacionamentos, e para que esse
relacionamento seja saudável e duradouro temos que respeitar as
características da pessoa, ao mesmo tempo em que anulamos ou
controlamos alguns dos nossos impulsos menos felizes."

Amilcar Del Chiaro Filho

Os últimos duzentos anos modificaram profundamente a face do planeta.
Nações antes poderosas mergulharam no esquecimento e novos poderes se
estabeleceram com base na automação e na informatização.
Avanços significativos que se por um lado trouxeram grandes
benefícios materiais e possibilidades novas, por outro tornaram a
vida sofisticada e no entanto, mais triste.

O texto que usamos como epígrafe nos sugere a construção de novas
pontes de relacionamento, diante das transformações havidas e não
totalmente assimiladas pelo grosso da população, o que tem gerado
não apenas o distanciamento entre as gerações, como também o
esfriamento nas relações humanas.

As relações sociais sofreram profundas mudanças, e no seu bojo a
família tradicional perdeu seu lugar, bem como a sociedade, tal como
a concebíamos, também se extinguiu no torvelinho das dores
coletivas e das prementes necessidades de sobrevivência, que levam
milhões de homens e mulheres de todas as idades a viver em busca do
sustento diário sob condições adversas, sem muitos espaços ou
momentos de convivência que alimentem o espírito cansado pelas
lutas diárias.

A sociedade hoje, disse Umberto Eco, não é mais como uma praça
onde as pessoas se encontravam para comerciar, para trocar idéias,
relacionarem-se, informarem-se e compartilhar experiências. A
sociedade hoje é como uma avenida, onde as pessoas passam umas pelas
outras sem se verem ou se falarem, apenas observando as vitrines.

Nem mesmo Kubrick poderia imaginar que 2001 chegaria e passaria sem
nenhuma odisséia no espaço. Pelo contrário, um episódio que
mudaria os rumos da história aconteceu aqui mesmo em terra firme. Nem
George Orwell, em seu "1984", imaginou que o Grande Irmão se
faria tão onipotente com olhos eletrônicos onipresentes e vozes
monotônicas e repetitivas até a exaustão. Um admirável mundo
novo não pensado por Huxley está aí, à nossa volta, onde
cabe muito bem o Eu robô, de Isaac Asimov.

Em meio a todos esses prognósticos sombrios, uma humanidade cansada
de guerras anseia por segurança e paz, diante do fim das energias
utópicas e das ideologias. Restou um amplo espaço para todos os
tipos de esoterismos e para seitas que buscam preencher os vazios
existenciais e o desespero das multidões miseráveis com uma
teologia que promete prosperidade infinita. Há uma busca generalizada
por um propósito e um novo sentido para a existência.

A tecnologia da qual nos servimos quase que obrigatoriamente,
paradoxalmente nos une, limita e separa. Na era da comunicação temos
dificuldades para encontrar tempo para relacionamentos mais estáveis.
"Não tenho tempo". Essa é uma frase comum, e aqueles que
as pronunciam em geral não estão mentindo. A mesma tecnologia que
nos possibilita rápidos contatos nos impede o diálogo com calor
humano. Essa é a mesma tecnologia que nos rouba o tempo para conviver
e saborear a vida.

Alteridade é uma palavra que ainda soa estranha aos nossos ouvidos.
Propõe uma nova ética de relacionamento e, portanto, um novo
comportamento perante os que pensam ou são diferentes de nós.
Não um relacionamento morno e amorfo, pasteurizado, onde não possa
existir a divergência e as diferenças naturais de opinião, que
são indicadores de saúde e vitalidade na comunidade humana.
Somente a tirania e o despotismo podem estabelecer o silêncio
absoluto e a paz de superfície. A alteridade é possível se
houver a superação da robotização dos relacionamentos.

Apesar do quadro sombrio que se nos apresenta, é preciso convir que a
humanidade tem sabido contornar situações-limite ao longo de sua
história. Assírios e babilônios, caldeus e persas, egípcios,
gregos e romanos, superaram as ausências dos pilares de
sustentação de suas civilizações e aqui estamos, herdeiros do
nosso passado, diante da necessidade de reinventar caminhos, desta vez
mais amplos, por onde possam passar mais e mais pessoas.

Num mundo onde a violência predomina, o diálogo, a convivência
respeitosa e a disposição de ouvir o outro e solucionar conflitos sem
confrontos, torna-se questão de sobrevivência. Alguns mais
pessimistas antecipam o cliocídio, o fim da história. Porém, a
felicidade é possível, embora só possa ser conjugada no futuro,
pois no presente apenas ansiamos por ela e a construímos aos poucos.

A convivência com base no diálogo também é possível, mas
depende de determinação e de boa vontade, de disposição de
espírito e abertura para um longo e talvez penoso exercício de
tolerância baseada no respeito pelas razões alheias.

- Paulo R. Santos (MG)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

AMOR ALIMENTO DIVINO - HUGO ALVARENGA NOVAES




Lembremo-nos das sábias palavras de Jesus, quando, no deserto, depois de ter jejuado
por quarenta dias, afirmou que o homem não viverá apenas de pão. (Mateus, 4:4.)
Com isso, Ele quis nos mostrar que são mais importantes os alimentos espirituais que os materiais.
Sem dúvida alguma, o amor encabeça a lista destes últimos nutrientes.
O divino Nazareno nos mostra, em suas palavras, que o amor é condição sine qua non para que
obtenhamos grandes venturas. O mandamento maior (Mateus, 22:37-40) concita-nos a fazer o bem.
Quem realmente ama a Deus acima de tudo reconhece que todos os dias foram feitos iguais para
servir ao semelhante: ama ao próximo como a si mesmo, honra pai e mãe, não mata, não comete
adultério, não levanta falso testemunho e não cobiça coisa alguma de quem quer que seja.
O meigo Mestre galileu deixou lição inesquecível, quando asseverou ao fariseu orgulhoso que amar a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo é um mandamento que exprime muito bem toda a lei de
Moisés e tudo o que disseram os profetas.
Com certeza o amor é o maior sustentáculo dos seres humanos.
Semelhante aos alimentos materiais, que são fontes de energia imprescindíveis para a manutenção
das funções vitais das criaturas, o amor, indiscutivelmente, é o principal nutriente para o Espírito.
Quanto mais nos enriquecermos de valores morais, mais próximo estaremos de Deus.
O Divino Rabi não nos preceituou que “amássemos uns aos outros” (João, 13:34) objetivando
apenas a caridade material. Recomendava-nos, de igual maneira, que nos alimentássemos mutuamente
de simpatia e fraternidade, que são os grandes patrimônios do “amor profundo” e que, indubitavelmente,
nos sustentam a alma.
Este último sentimento é o pão divino, nutriente sublime dos corações.
Se o “amor do próximo” é a base da caridade, “amar os inimigos”(Mateus, 5:44) é a mais excelsa
“aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias
alcançadas contra o egoísmo e o orgulho”. (Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
XII, item 3.)
O amor é lei da vida. Se não houvesse amor, nada faria sentido, pois só existimos porque Deus nos
sustenta com o seu amor.
“ Bu s q u e m o s , então, meditar sobre o que temos e o que não temos, sobre quem somos
e sobre quem não somos, a respeito do que fazemos e do que não fazemos, guardando a
convicção de que sem Amor – Alimento a presença do amor naquilo que temos, no que fazemos e no que somos,
estaremos imensamente pobres, profundamente carentes, desvitalizados.
A inteligência sem amor nos faz perversos. A justiça sem amor nos faz insensíveis e vingativos.
A diplomacia sem amor nos faz hipócritas. O êxito sem amor nos faz arrogantes. A riqueza
sem amor nos faz avaros. A pobreza sem amor nos faz orgulhosos. A beleza sem amor nos faz
ridículos. A autoridade sem amor nos faz tiranos. O trabalho sem amor nos faz escravos. A simplicidade
sem amor nos deprecia. A oração sem amor nos faz calculistas. A lei sem amor nos escraviza.
A política sem amor nos faz egoístas. A fé sem amor nos torna fanáticos. A cruz sem amor se
converte em tortura. A vida sem amor... Bem, sem amor a vida não tem sentido...” (Fonte: CD Momento
Espírita, volume 7, faixa 3.)
Paulo demonstra que compreendera exatamente os ensinos e exemplos do Cristo ao afirmar que
mesmo quando ele falasse a língua dos anjos, conhecesse toda a ciência, conseguisse transportar os
montes, repartisse seus bens ou entregasse o próprio corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada
disso lhe aproveitaria. (I Coríntios,13:1-7.)
Tenhamos, assim, como via por excelência de nossa elevação moral e espiritual, a prática do amor,
da caridade como Jesus a entendia: benevolência para com todos, indulgência para com os erros
alheios, perdão das ofensas.


Março 2008 • Reformador 115 37

domingo, 7 de dezembro de 2008

RELACIONAMENTO HUMANO E TECNOLOGIA



Relacionamento humano e tecnologia



CONSTRUTORES DE PONTES

“Você sabe o que é um Pontífice? Certamente que sim. Pontífice é o sacerdote de maior hierarquia numa religião. Por exemplo: o Papa é um "pontífice". Contudo, queremos falar sobre o significado desta palavra na Antigüidade. Pontífice era um construtor de pontes.

Como você pode perceber, todos nós podemos ser pontífices, mesmo que não tenhamos a menor idéia de como se constrói uma ponte de madeira, de aço ou de concreto. Podemos construir pontes de relacionamento entre nós e outras pessoas Essa ponte deve partir do nosso coração para os corações das outras pessoas.

Construir pontes é construir relacionamentos, e para que esse relacionamento seja saudável e duradouro temos que respeitar as características da pessoa, ao mesmo tempo em que anulamos ou controlamos alguns dos nossos impulsos menos felizes.”

Amilcar Del Chiaro Filho



Os últimos duzentos anos modificaram profundamente a face do planeta. Nações antes poderosas mergulharam no esquecimento e novos poderes se estabeleceram com base na automação e na informatização. Avanços significativos que se por um lado trouxeram grandes benefícios materiais e possibilidades novas, por outro tornaram a vida sofisticada e no entanto, mais triste.

O texto que usamos como epígrafe nos sugere a construção de novas pontes de relacionamento, diante das transformações havidas e não totalmente assimiladas pelo grosso da população, o que tem gerado não apenas o distanciamento entre as gerações, como também o esfriamento nas relações humanas.

As relações sociais sofreram profundas mudanças, e no seu bojo a família tradicional perdeu seu lugar, bem como a sociedade, tal como a concebíamos, também se extinguiu no torvelinho das dores coletivas e das prementes necessidades de sobrevivência, que levam milhões de homens e mulheres de todas as idades a viver em busca do sustento diário sob condições adversas, sem muitos espaços ou momentos de convivência que alimentem o espírito cansado pelas lutas diárias.

A sociedade hoje, disse Umberto Eco, não é mais como uma praça onde as pessoas se encontravam para comerciar, para trocar idéias, relacionarem-se, informarem-se e compartilhar experiências. A sociedade hoje é como uma avenida, onde as pessoas passam umas pelas outras sem se verem ou se falarem, apenas observando as vitrines.

Nem mesmo Kubrick poderia imaginar que 2001 chegaria e passaria sem nenhuma odisséia no espaço. Pelo contrário, um episódio que mudaria os rumos da história aconteceu aqui mesmo em terra firme. Nem George Orwell, em seu “1984”, imaginou que o Grande Irmão se faria tão onipotente com olhos eletrônicos onipresentes e vozes monotônicas e repetitivas até a exaustão. Um admirável mundo novo não pensado por Huxley está aí, à nossa volta, onde cabe muito bem o Eu robô, de Isaac Asimov.

Em meio a todos esses prognósticos sombrios, uma humanidade cansada de guerras anseia por segurança e paz, diante do fim das energias utópicas e das ideologias. Restou um amplo espaço para todos os tipos de esoterismos e para seitas que buscam preencher os vazios existenciais e o desespero das multidões miseráveis com uma teologia que promete prosperidade infinita. Há uma busca generalizada por um propósito e um novo sentido para a existência.

A tecnologia da qual nos servimos quase que obrigatoriamente, paradoxalmente nos une, limita e separa. Na era da comunicação temos dificuldades para encontrar tempo para relacionamentos mais estáveis. “Não tenho tempo”. Essa é uma frase comum, e aqueles que as pronunciam em geral não estão mentindo. A mesma tecnologia que nos possibilita rápidos contatos nos impede o diálogo com calor humano. Essa é a mesma tecnologia que nos rouba o tempo para conviver e saborear a vida.

Alteridade é uma palavra que ainda soa estranha aos nossos ouvidos. Propõe uma nova ética de relacionamento e, portanto, um novo comportamento perante os que pensam ou são diferentes de nós. Não um relacionamento morno e amorfo, pasteurizado, onde não possa existir a divergência e as diferenças naturais de opinião, que são indicadores de saúde e vitalidade na comunidade humana. Somente a tirania e o despotismo podem estabelecer o silêncio absoluto e a paz de superfície. A alteridade é possível se houver a superação da robotização dos relacionamentos.

Apesar do quadro sombrio que se nos apresenta, é preciso convir que a humanidade tem sabido contornar situações-limite ao longo de sua história. Assírios e babilônios, caldeus e persas, egípcios, gregos e romanos, superaram as ausências dos pilares de sustentação de suas civilizações e aqui estamos, herdeiros do nosso passado, diante da necessidade de reinventar caminhos, desta vez mais amplos, por onde possam passar mais e mais pessoas.

Num mundo onde a violência predomina, o diálogo, a convivência respeitosa e a disposição de ouvir o outro e solucionar conflitos sem confrontos, torna-se questão de sobrevivência. Alguns mais pessimistas antecipam o cliocídio, o fim da história. Porém, a felicidade é possível, embora só possa ser conjugada no futuro, pois no presente apenas ansiamos por ela e a construímos aos poucos.

A convivência com base no diálogo também é possível, mas depende de determinação e de boa vontade, de disposição de espírito e abertura para um longo e talvez penoso exercício de tolerância baseada no respeito pelas razões alheias.



- Paulo R. Santos (MG)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O PROBLEMA RELIGIOSO



O problema religioso

Por Herculano Pires

A natureza religiosa de "O Livro dos Espíritos", ressalta desde as suas primeiras páginas. Como já vimos, Kardec o inicia pela definição de Deus. Mas o Deus espírita não é antropomórfico, não é um ser constituído à imagem e semelhança do homem, como o das religiões. A definição espírita é incisiva: "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas".

Assim como, para Espinosa, Deus é a substância infinita, para Kardec é a inteligência infinita. Mas assim como erraram os que confundiram a substância espinosiana com o Universo, assim também se enganaram os que confundem a inteligência infinita com o homem finito, e a religião espírita com os formalismos religiosos.

Os atributos de Deus não se confundem com os precários atributos humanos: Ele é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom. Deus não se confunde com o Universo, pois é o criador e o mantenedor do Universo. Entretanto, ao tratar da justiça de Deus, vemos Kardec empregar uma terminologia antropomórfica, falando em castigos e recompensas, o que tem dado motivo a afirmar-se que o Deus espírita é semelhante ao das religiões.

A explicação desse fato, que à primeira vista parece contraditório, está na questão décima: "O homem pode compreender a natureza íntima de Deus? - Não. Falta-lhe, para tanto, um sentido". E logo a seguir vem a explicação de Kardec a respeito. Mais adiante, no item treze, encontramos a resposta de que os atributos de Deus, a que nos referimos acima, são apenas uma interpretação humana, aquilo que o homem pode conceber a respeito de Deus, no seu estágio atual de evolução. Kardec, portanto, emprega a linguagem que podemos empregar, de maneira compreensiva, para tratar de Deus. Não humaniza a Deus, mas apenas o coloca ao alcance da compreensão humana.

Não obstante, a natureza suprema de Deus, como inteligência infinita e causa primária, é sempre resguardada. Vemos isso em todo o primeiro capítulo e em muitas outras passagens do livro. No capítulo sobre o Panteísmo, qualquer confusão entre o Criador e a Criação foi afastada. O Deus espírita não é antropomórfico, mas também não é panteísta. Por outro lado, "O Livro dos Espíritos" veda imediatamente o caminho às especulações ilusórias e imaginosas sobre a natureza de Deus.

Uma vez que falta ao homem o meio de compreendê-lo, inútil será tentar a sua definição através de suposições ingênuas ou atrevidas. É o que vemos no item 14º do primeiro capítulo, no estabelecimento de um princípio que define de maneira absoluta a posição do Espiritismo em face do problema, separando-o decisivamente de todas as escolas de teologia especulativa ou de ocultismo de qualquer espécie. Vejamos esse trecho fundamental, podendo o leitor encontrá-lo no lugar próprio deste volume: "Deus existe, não o podeis duvidar, e isso é o essencial. Acreditai no que vos digo e não queirais ir além. Não vos percais num labirinto, de onde não podereis sair.

Isso não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, pois, de lado, todos esses sistemas; tendes que vos desembaraçar de muitas coisas que vos tocam mais diretamente. Isto vos será mais útil do que querer penetrar o que é impenetrável".

Deus, como inteligência infinita ou suprema, é o que é. Não comporta especulações ociosas, definições imaginosas. O homem deve conter-se nos limites de si mesmo, cuidar das suas imperfeições, melhorar-se. Basta-lhe saber que Deus existe, e que é justo e bom. Disso ele não pode duvidar, porque "pela obra se reconhece o obreiro", a própria natureza atesta a existência de Deus, sua própria consciência lhe diz que ele existe, e a lei geral da evolução comprova a sua justiça e a sua bondade. Descartes dizia que, Deus está na consciência do homem, como a marca o obreiro, na sua obra. Os Espíritos confirmam esse princípio, mas vão além, mostrando que a marca do obreiro está em todas as coisas, na natureza inteira. A negação de Deus é, para o Espiritismo, como a negação do sol. O ateu, o descrente, não é um condenado, um pecador irremissível, mas um cego, cujos olhos podem ser abertos, e realmente o serão. Porque Deus é necessariamente existente, segundo o princípio cartesiano. Nada se pode entender sem Deus. Ele é o centro e a razão de ser de tudo quanto existe. Tirar Deus do universo é como tirar o sol do nosso sistema. Simples absurdo.

Mas, pelo fato de não ter a forma humana, de não se assemelhar ao homem, no tocante à constituição física deste, não se segue que Deus esteja distante do homem e indiferente a ele. O Deus espírita se assemelha ao aristotélico, pelo seu poder de atração, mas se afasta dele, quanto à indiferença em relação ao cosmos. Porque Deus é providência, Deus é amor, é o criador e o pai de tudo e de todos.

O universo se define por uma tríade, semelhante às triades druídicas: Deus, espírito e matéria. Vemos isso no item 27, quando Kardec pergunta se existem dois elementos gerais, o espírito e a matéria, e os Espíritos respondem: "Sim, e acima de ambos, Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Essas três coisas são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal". A matéria, porém, não é só o elemento palpável, pois há nela o fluido universal, o seu lado fluídico, que desempenha o papel de intermediário entre o plano espiritual e o propriamente material.

Diante dessa concepção, surge um problema de ordem teológica e escriturística. Se Deus não se assemelha ao homem, como entender-se a passagem bíblica segundo a qual ele criou o homem à sua imagem e semelhança? A explicação vem no item 88, quando Kardec pergunta pela forma do Espírito, não daquele que ainda está revestido do corpo espiritual ou perispírito, mas do espírito puro.

Vejamos a pergunta e a resposta no original: "Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante? - Aos vossos olhos, não; aos nossos, sim. Eles são, se o quiserdes, uma flama, um clarão ou uma centelha etérea". Como se vê, o homem, na sua essência, - naquilo unicamente em que ele pode assemelhar-se a Deus: - não é um animal de carne e osso, nem mesmo uma forma humana em corpo espiritual, mas uma centelha etérea. Foi assim que Deus o fêz à sua imagem e semelhança.

Colocando o problema fundamental de Deus e da criação, "O Livro dos Espíritos" entra pelo controvertido terreno da destinação humana. Sua concepção deísta do Universo é necessariamente teológica. Tudo avança para Deus, do átomo ao arcanjo, como vimos no item 540, e à frente dessa marcha, no plano terreno, encontra-se o homem. Vêmo-lo numa escala evolutiva, na terra como no espaço: do imbecil ao sábio, do criminoso ao santo.

A "escala espírita", que começa no item 100, nos oferece uma visão esquemática dessa escada de Jacó, que vai da terra ao céu. O estudo da "progressão dos espíritos", que começa no item 114, nos mostra a necessidade do esforço próprio para que o Espírito se realize a si mesmo, revelando-nos ao mesmo tempo o papel da Providência, sempre amorosamente voltada para as criaturas. No estudo sobre "anjos e demônios", que se inicia no item 128, defrontando-nos com um debate teórico sobre passagens evangélicas. O problema da justiça de Deus é equacionado à luz dos ensinos de Cristo, no seu verdadeiro sentido.

À seguir, "O Livro dos Espíritos" trata da encarnação dos Espíritos e da finalidade da vida terrena. Combate o materialismo, mostrando a sua inconsistência. Não são os estudos que levam o homem a ele, não é o desenvolvimento do conhecimento que o torna materialista, mas apenas a sua vaidade. É o que vemos no item 148: "Não é verdade que o materialismo seja uma conseqüência desses estudos. É o homem que deles tira uma falsa conseqüência, pois ele pode abusar de tudo, mesmo das melhores coisas".

Kardec corrobora a tese dos Espíritos: o materialismo é uma aberração da inteligência. É o que nos diz no início do seu comentário: "Por uma aberração da inteligência, há pessoas que não vêem nos seres orgânicos nada mais que a ação da matéria, e a esta atribuem todos os nossos atos".

E assim prossegue o livro, todo ele impulsionado pelo sopro do espírito, impregnado pelo sentimento religioso, e mais particularmente, pelo sentido cristão desse sentimento. Quando, no item 625, Kardec pergunta qual o tipo humano mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modêlo, a resposta é incisiva: "Vede Jesus". E Kardec comenta: "Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na Terra".

A religião espírita se traduz em espírito e verdade. O que interessa a Deus não é a precária exterioridade dos ritos e do culto convencional, quase sempre vazio: é o pensamento e o sentimento do homem. A adoração da divindade é uma lei natural, quanto a lei de gravidade. O homem gravita para Deus, como a pedra gravita para a terra e esta para o sol. Mas as manifestações exteriores da adoração não são necessárias.

No item 653, vemos a clara resposta dos Espíritos a respeito: "A verdadeira adoração é a do coração. Em todas as vossas ações, pensai sempre que um Senhor vos observa". A vida contemplativa é condenada, porque inútil, assim também a monacal, pois Deus não quer o cultivo egoísta do sentimento religioso, mas a prática da caridade, a experiência viva e constante do amor, através das relações humanas.

"O Livro dos Espíritos" não deixa de lado o problema do culto religioso, que necessita manifestar a sua religiosidade:

Essa manifestação se verifica nas formas naturais de adoração, uma das quais é a prece. Pela prece, o homem pensa em Deus, aproxima-se dele, põe-se em comunhão com ele. É o que vemos a partir do item 658. Pela prece, o homem pode evoluir mais depressa, elevar-se mais ràpidamente sobre si mesmo. Mas a prece também não pode ser apenas formal. Por ela, podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer a Deus, mas desde que o façamos com o coração, e não apenas com os lábios.

Temos assim a religião espírita, que mais tarde se definirá de maneira mais objetiva ou direta em "O Evangelho, segundo o Espiritismo". Uma religião psíquica, como a chamou Conan Doyle, equivalente à "religião dinâmica" de Bergson. No capítulo V da "Conclusão", Kardec afirma: "O Espiritismo é forte porque se apóia nas próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e recompensas futuras, e porque sobretudo mostra essas penas e compensas como conseqüências naturais da vida terrena, oferecendo um quadro do futuro em que nada pode ser contestado pela mais exigente razão". Enfim: religião positiva, baseada nas leis naturais, destituída de aparatos misteriosos e de teologia imaginosa.

Para completar o quadro religioso de "O Livro dos Espíritos" temos ainda o capítulo XII do Livro III e todo o Livro IV. No capítulo referido Kardec trata do aperfeiçoamento moral do homem, encara os problemas referentes às virtudes e aos vícios, às paixões, ao egoísmo, define por fim o caráter do homem de bem e conclui com uma mensagem de Santo Agostinho sobre a maneira de conhecermos a nós mesmos. No Livro IV temos um capítulo sobre as penas e gozos terrenos, que é um código da vida moral na terra, verdadeiro catecismo da conduta espírita, e um capítulo sobre as penas e gozos futuros, sobre as conseqüências espirituais do nosso comportamento terreno.

Capítulo da introdução redigida por Herculano Pires para o "O Livro dos Espíritos", por ocasião da edição especial da LAKE, comemorativa do centenário da obra, em 18 de abril de 1957.

domingo, 30 de novembro de 2008

AMAR AO PRÓXIMO



Amar ao próximo
Léon Tolstoi

O testamento de Léon de Tolstoi (1828 - 1910)

Publicado por Caibar Schutel na Revista Internacional de Espiritismo de 15 de abril de 1936

Eu não poderia me deter nem contemporizar mais. É inútil vacilar e pensar mais sobre o que tenho que dizer. A vida não espera. Minha existência declina e de repente posso desaparecer. Se me é dado ainda

prestar alguns serviços aos homens, se posso fazer-me perdoar os meus pecados, minha vida ociosa e material, não será senão fazendo saber aos homens meus irmãos o que me foi dado compreender mais

claramente que eles; o que me tortura e martiriza o coração há muitos anos.

Todos os homens sabem, como eu, que nossa vida não é o que deveria ser e que nos fazemos mutuamente desgraçados.

Sabemos que para ser felizes e fazer ditosos os outros, é preciso amar o nosso próximo como a nós mesmos; se nos é impossível fazer ao nosso semelhante o que quiséramos que ele nos fizesse, pelo menos não

lhe façamos o que não queremos que ele não nos faça.

É isto que ensinam as religiões de todos os povos; é o que mandam que façamos, a nossa razão e a nossa consciência.

A morte do invólucro corporal que nos ameaça a cada instante, recorda-nos o caráter efêmero dos nossos atos; assim, a única coisa que podemos fazer e que pode levar-nos à felicidade e à serenidade, é

obedecer a cada instante o que nos ordenam a nossa razão e consciência, se não crermos na revelação ou no ensino do Cristo.

Em outros termos: se não podemos fazer ao nosso próximo o que quiséramos que ele nos fizesse, ao menos não lhe façamos o que não desejamos para nós.

Embora todos conheçamos há muito tempo esta verdade, em vez de realizá-la, os homens se matam, roubam, violentam. E assim, em vez de viverem na alegria, na tranqüilidade, no amor, sofrem, penam e não

sentem senão ódio e medo uns dos outros. Por toda a parte, em toda a superfície da Terra, os homens tratam de dissimular sua vida insensata, esquecerem-se de si mesmos, sofrear seu sofrimento, sem

poderem conseguir; o número dos desgraçados que perdem a razão e se suicidam aumenta todos os anos, porque é superior às suas forças suportar uma vida contrária à natureza humana.

Mas, dir-se-á, talvez, é necessário que a vida seja assim; é necessária a existência dos imperadores, dos reis, dos governos, dos parlamentos que mandam milhões de homens, providos de fuzis e de canhões,

atirarem-se uns sobre os outros; necessárias as fábricas e os estabelecimentos que produzem objetos inúteis e prejudiciais, e onde milhões de homens, mulheres e crianças são transformadas em máquinas,

sofrendo 10,12 e 15 horas por dia; necessário o despovoamento crescente das cidades e a invasão das mesmas com asilos noturnos, seus refúgios de crianças, seus hospitais; necessário o aprisionamento de

milhares de homens.

Acaso é necessário que a doutrina do Cristo, que ensina a concórdia, o perdão das ofensas, o amor ao próximo, ao inimigo; seja inculcada aos homens por sacerdotes de várias e numerosas seitas em luta

contínua, e sob fórmulas de fábulas estúpidas e imorais sobre a criação do mundo e do homem, sobre seu castigo e sua redenção pelo Cristo, e sobre tal ou qual rito, tal ou qual sacramento? Talvez,

semelhante estado de coisas seja natural ao homem, como é natural às formigas e às abelhas viverem em seus formigueiros e em suas colmeias em contínua luta e sem outro ideal. Assim, de fato, é que dizem

muitos.

Mas o coração humano não quer crer. Sempre se sobrelevou contra a vida mentirosa e tem sempre convidado aos homens a se deixarem levar pela razão e pela consciência; e nos nossos dias faz tal

chamamento mais urgente do que nunca.

Já sabemos demasiadamente que nossa vida não abarca séculos, milhares de anos, uma eternidade, e entretanto, nos achamos na Terra vivendo, pensando, amando, gozando a vida...

E agora podemos passar estes setenta anos - se chegarmos a tal idade, porque podemos não viver senão alguns dias, algumas horas - no desgosto, no ódio, ou na alegria e no amor; podemos viver com a

consciência de estar fazendo o mal, ou bem, de realizar, ainda imperfeitamente, o que podemos crer que seja nosso dever.

" - Andai preparados, andai preparados, andai preparados" - dizia, aos homens, João Batista.

" - Andai preparados" - dizia o Cristo.

" - Andai preparados" - diz a voz de Deus, tanto como a voz da consciência e da razão.

Entretanto, distingamos as nossas ocupações, cada um dos nossos prazeres, e perguntemos a nós mesmos: fazemos o que devemos, ou gastamos inutilmente nossa vida, (...)

Bem sei que basta uma vista de olhos, como um cavalo que faz voltear uma roda; nos parece impossível deter-nos para refletir um instante, dizendo:

"Nada de tantas reflexões; atos sim".

E outros afirmam:

"Não é preciso, cada um pensar em si mesmo, em nossos desejos, quando a obra, a cujo serviço nos achamos, é a nossa família, a arte, a ciência, a sociedade, tudo pelo interesse geral".

Outros garantem:

"Tudo está pensado e experimentado há muito tempo e ninguém encontrou algo melhor; sigamos, pois, nossa vida e nada mais".

Outros, enfim, pretendem:

"Refletir ou não refletir, tudo é a mesma coisa; vive-se e depois se morre; o melhor é, pois, viver para o prazer. Quando se quer refletir, vê-se que a vida é pior do que a morte e atenta-se sobre os seus

próprios dias. Assim, basta de reflexões, vivamos como pudermos".

Não ouçais essas vozes; para todos aqueles raciocínios, responderei simplesmente:

"Atrás de mim vejo a eternidade, tempo em que eu ainda não existia; diante de mim pressinto a mesma noite infinita na qual a morte pode, repentinamente tragar-me. Agora vivo e posso, eu sei que posso,

fechar voluntariamente os olhos para uma existência cheia de misérias; mas sei que abrindo-os para olhar em redor de mim, posso escolher o melhor e o que é mais belo. Assim, digam o que quiserem as vozes,

sejam quais forem as seduções que me atraem, forçado que esteja à obra que tenha começado e arrastado pela vida que me rodeia; eu me detenho, examino e reflito".

Eis o que eu tinha de lembrar aos meus semelhantes antes de passar para o infinito...

Léon Tolstoi

(Jornal Mundo Espírita de Abril de 2001)

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

NA SEMETEIRA DE CADA DIA



NA SEMENTEIRA DE CADA DIA
Observa o mundo a redor de teus passos e perceberás, na desigualdade das situações, a Justiça Divina a expressar-se com a perfeição da sabedoria e do amor.
Lembra-te de que tudo nas horas de hoje decorre das criações do dia de ontem, tanto quanto a nossa conduta presente traçar-nos-á o amanhã infalível.
Tudo nasce e renasce, em função do aprimoramento que nos cabe atingir.
O usurário do pretérito, que subtraiu a bênção do ouro à circulação do progresso, agora é o mendigo esmolando a graça do pão.
O artista que ontem abusou da inteligência situando-a a serviço da imoralidade e do crime, passa hoje entre aqueles que lhe foram vítimas da insânia intelectual, na feição do demente necessitado de proteção e carinho.
A mulher que antigamente mobilizou a própria beleza, na exploração da crueldade e do vício, caminha na atualidade entre a angústia e a aflição da debilidade orgânica, em vigorosa luta contra o abatimento e a enfermidade.
O tirano das consciências que outrora movimentou a política e a autoridade na escravidão dos semelhantes para extorquir-lhes o sangue e o suor, transita agora na Terra, no corpo disforme dos mutilados que beijam o pó da terra, por muitos e muitos anos, a fim de compreender que só a humildade e o amor são bastante sábios para conferir-nos a luz da verdadeira felicidade.
Cada criatura constrói na própria mente e no próprio coração o paraíso que a erguerá ao nível sublime da perfeita alegria, ou o inferno que a rebaixará aos mais escuros antros do sofrimento.
Cultivemos na sementeira de cada dia a paciência e a bondade, a harmonia e a tolerância, enquanto a oportunidade de plantar brilha, hoje, em nossas mãos, porque amanhã será para nós novo tempo de colher e ressurgiremos diante da verdade com as flores da vitória espiritual, que será luminosa ascensão da morte para a vida ou com os espinhos de angustiosos compromissos com a sombra, representarão para nós outros a volta das eminências da vida para novo mergulho nas pesadas correntes da morte.
Cada criatura constrói na própria mente e no próprio coração o paraíso que a erguerá ao nível sublime da perfeita alegria, ou o inferno que a rebaixará aos mais escuros antros do sofrimento.
Livro: Alvorada do Reino
Francisco Cândido Xavier/Emanuel

domingo, 23 de novembro de 2008



A "Navalha de Occam" e o Paradigma Espírita
André Luís N. Soares
Artigo recebido do grupo Espiritismo Científico [IPCE]
http://groups.google.com/group/Espiritismo-Cientifico,
quinta-feira, 27 de julho de 2006 00:15

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...é de se concluir que o Espiritismo é a ciência que comporta as teorias que melhor explicam uma diversidade fenomenológica [não todas] que o dedicado pesquisador da área do supranormal pode carrear. E que para estes fenômenos, portanto, é verdadeiro paradigma. Não existe, pois assim, anomalias em seu bojo. O Espiritismo não exclui a existência das potências psíquicas, aliás, diz que elas são medidas necessárias a fim de que a comunicação medianímica se estabeleça.
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É atribuída ao filósofo e teólogo britânico William of Ockham (1285-1349) a elaboração do "princípio da parcimônia" [Lo Re 3rd e Bellini, 2002], o qual encontra-se firmemente incorporado a todas as áreas do conhecimento científico atual, sendo especialmente empregado na investigação das causas de fenômenos naturais [Novak, 2004]. O princípio da parcimônia prevê que a explicação mais simples, capaz de abranger o maior número de observações ou achados relacionados a um determinado fenômeno, deve ser assumida como a correta, evitando-se a larga probabilidade de erro associada às explicações mais complexas ou múltiplas [Fastovsky e Weishampel, 1996]. A parcimônia constitui-se, por isso mesmo, em um método simples de estimativa estatística das causas do fenômeno em análise [Goloboff, 2003].

O hábito de exclusão ou eliminação das explicações mais complexas em favor das mais simples durante a investigação científica levou à freqüente utilização do termo "navalha de Occam" ("Occam's razor" - contendo a simplificação do nome "Ockham" de forma a contemplar a sua pronúncia medieval) em referência ao princípio da parcimônia. De acordo com Grünwald [2000], a navalha de Occam é utilizada para remover tudo o que é largamente improvável, e por isso mesmo desnecessário (http://www.unifesp.br/dneuro/nexp/riboflavina/i.htm).

Muitos parapsicólogos ao analisarem a fenomenologia supernormal valem-se do "princípio da parcimônia", de maneira absoluta, para julgar a explicação PSI [*] como mais razoável em relação às justificativas espiritualistas. Generalizam suas conclusões imprudentemente a toda sorte de ocorrências, quando não argumentam sob camuflagens de uma visão científica a esconder, em verdade, um dogmatismo científico tão pernicioso quanto a prevenção emocional do fideísmo religioso no passado.

[*] Os fenômenos Psi podem ser classificados, quanto à forma de apresentação, em extra-sensoriais e psicocinéticos. Os extra-sensoriais, identificados pela sigla PES (extrasensory perception) são os fenômenos que envolvem conhecimento. Podem ainda classificados quanto ao tipo, em telepatia, quando fonte e receptor forem seres humanos e em clarividência, quando a fonte é o meio ambiente. Quanto ao tempo, esses fenômenos podem ser classificados em retrocognição, simulcognição e precognição, quando estiverem relacionados, respectivamente, ao passado, ao presente e ao futuro. Os fenômenos psicocinéticos, identificados por PK (psychokinesis) são caracterizados pela ação sobre o meio ambiente. Quando esta ação for diretamente observável será dita macro-PK, e quando microscópica, micro-PK. Atualmente, Pesquisa Psi é o termo que designa a Parapsicologia, todavia, ambas se ocupam da mesma área de estudos (http://pt.wikipedia.org/wiki/PESquisa_Psi).

Apreciando o princípio em epígrafe verifica-se que a explicação mais simples é aquela que possui o menor número de proposições para elucidar um fenômeno. Vejamos um exemplo em fisiologia [Bradley et al, 2000]:

"o princípio da parcimônia deve ser aplicado ao construir-se a lista de diagnóstico diferencial. Considere um paciente com uma história de lesão progressiva da medula espinhal que subitamente se torna afásico. Talvez ele tivesse um tumor comprimindo a medula espinhal (1ª proposição) e tenha incidentalmente apresentado um AVC (2ª proposição), mas a parcimônia sugere uma doença única, provavelmente câncer com múltiplas metástases (uma única proposição)" (http://www.unifesp.br/dneuro/nexp/riboflavina/i.htm).

A navalha de occam é, pois, justamente conferir a preferência exegética à suposição que carreia um menor número de explanações.

No que tange a observação dos acontecimentos supranormais, alegam alguns parapsicólogos que o elemento espiritual é uma proposição a mais a fim de justificar a causa das ocorrências do gênero e que, portanto, a hipótese PSI deve prevalecer uma vez que prescinde de um mediador como agente dos fenômenos. Desta maneira, sustentam que quando os espíritas alegam, por exemplo, a psicografia, tiptologia, psicofonia, ou hipóteses de reencarnação necessitam, pois, de um espírito agindo sobre o médium ou, no último caso, de um elemento espiritual que sobrevive à matéria a explicar as informações recebidas por alguém sobre uma suposta vida anterior. Por outro lado, sustentam os adeptos da PES (percepção extra-sensorial) que a telepatia resolveria melhor os episódios comentados, vez que não necessita de mais uma proposição e que por isso é uma explicação mais simples. Mais parcimoniosa. Em face deste absolutismo peremptório que se passa agora a fazer as devidas correções do raciocínio até então completamente equivocado.

Em primeiro lugar, da forma como a telepatia e demais espécies de PES são conceituadas pela parapsicologia elas possuem tantas proposições quanto à hipótese espíritos, ocorre que até o presente não houve correlação entre este fato e o pensamento acadêmico. Senão vejamos. Os partidários PSI usam de uma "cláusula geral de justificação" para fazer o vínculo de determinadas ocorrências com a PES. Esta cláusula reside na questão de dizer que os limites da percepção extra-sensorial são desconhecidos e que, portanto, ela poderia muito bem abarcar todos os acontecimentos supranormais. É certo que admitem que a ignorância das fronteiras não se confunde com ilimitação de potências, no entanto, absurdo é articular este desconhecimento a fim de explicar fenômenos que pela lógica e dados coletados podem se relacionar com outras teorias. A ausência de conhecimento do alcance da percepção extra-sensorial mais se parece uma carta na manga para determinados parapsicólogos, dotada de eficácia suspensiva que lhe concedem tempo para que suas teorias continuem - pelo menos para eles - a explicar toda espécie de eventos supranormais. Em poucas palavras: toda vez que se alegar à insipiência dos limites da PES para clarear uma situação deve-se, na realidade, considerar então o fenômeno como uma anomalia, tal como sintetizada por Thomas Kunh, dentro do corpo teórico da parapsicologia. Aí reside todo o perigo para os sectários do animismo puro eis que por razão desta insistência prepotente de querer ser a causa geral de todos os prodígios, dificultam sobremaneira o reconhecimento científico de seus estudos justamente por não conseguirem concatenar a lógica de suas teorias a diversos fatos e que, por assim, dão ensejo à emersão de inúmeras anomalias e divergências internas.

Mas então qual deveria ser o limite da PSI? Ockham ao sintetizar o princípio da parcimônia almejou a estabelecer um juízo objetivo para a prevalência de uma teoria sobre outra, então, estampou seu raciocínio num critério mais ou menos quantitativo. Se uma teoria é suficiente a explicar determinado fato com certo número de premissas seria supérfluo e incoerente dar azo a uma nova que traga um maior número delas e que seja, portanto, mais complexa. Se o simples é bastante, por que complicar? Era do seu conhecimento que o homem não está inclinado a mecanismos de avaliação subjetivos, uma vez que necessitam de uma certa base segura para começarem a desenvolver suas idéias. Deste modo, o pesquisador precisa de uma estrutura razoavelmente sólida de raciocínios e que estes estejam consideravelmente estáveis através de critérios objetivos aceitos por seus Pares. A fim de ser mais enfático: foi preciso normatizar, criar regras que irão compor um verdadeiro "Código Científico" onde a Navalha de Occam é apenas mais uma delas. A discricionariedade é vista como um real incômodo na comunidade científica que tenta, ao menos em tese, extirpar todo o subjetivismo e conveniência dos meios de validação de pesquisas. É, pois, no âmago do princípio da parcimônia que provavelmente a PSI encontrará seus limites. Toda vez que se deparar o indivíduo invocando aquela "cláusula geral de justificativa" em cima de determinado episódio, argumentando sobre uma possível chance de PSI ser causa, todavia, sem articular qualquer raciocínio de forma coerente, mas tão somente a alegação de que "por serem ignorados os limites PSI, ela poderia explicar o fato", neste momento ter-se-iam ultrapassadas as barreiras de sua aplicação.

É de conhecimento que, desde as irmãs Fox ao vilarejo Scole, mas principalmente na segunda metade do século XIX, diversos casos experimentados podem ser clareados apenas por PSI, notadamente os concernentes à telepatia, uma vez que pelo conjunto de evidências, como as informações prestadas pelos sensitivos, não exigir à elucidação o concurso de uma concausa: o espírito. Para todas estas situações a PSI é satisfatória. Aí está a sua divisa. Para além dela, ao sabor do argumento único de ignorância de suas raias ela é mais que imponderável, é tendenciosa e interesseira na busca do conhecimento, ainda mais quando existe outra teoria capaz de explicar os fenômenos com o mesmo número de suposições [o que se verá adiante] só que de maneira consistente sem apresentar anomalias.

No embrião da parapsicologia que foi a metapsíquica pesquisadores articulavam, por exemplo, a premência de liame psíquico na telepatia, ou seja, acreditavam que para aceitar a potência telepática como razoável elucidação deveria haver, ao menos, alguma identidade entre sensitivo e paciente, como se conhecerem direta ou indiretamente ou proximidade física ou ainda auxílio dos sentidos normais e mesmo assim através de uma interpretação integral com todas as informações obtidas. Observem ainda que a metapsíquica fazia análise qualitativa, pois pesquisava em cima de sensitivos possantes enquanto agora a parapsicologia se debruça mais em exames quantitativos independente de existência visível de PSI em seus pacientes. Ora, se a razão já orientava que em estudos sobre sensitivos ostensivos fosse plausível exigir nexo psíquico, quanto mais será então a cobrança quando a investigação recaia em cima de indivíduos que não tenham potências anímicas em alto grau?

Assim dizer, argumentar a ignorância de limites para sustentar a aplicabilidade da teoria PSI em determinados casos é acrescentar mais uma proposição, além da PES específica do caso concreto sub examem, pois, exemplificando, em determinadas situações argumentariam alguns parapsicólogos duas assertivas: a) telepatia e; b) desconhecimento do alcance telepático, enquanto a hipótese espíritos também duas: a) psiquismo do médium e; b) existência do espírito. Vejam bem: afirmar que não se sabe o limite da percepção extra-sensorial é mais uma proposição, pois a tirando do contexto, a explicação unicamente parapsicológica não se subsiste. Ela decai. Em resumo, embora na hipótese PSI haja a concorrência de uma única força a aplicação dela para todos os casos é carente de mais uma proposição, só que intrínseca a ela mesma, ou seja, necessita daquela "cláusula geral de justificação" que diga que os limites da força telepática do exemplo são ainda ignorados, sob pena de sucumbir frente ao supranormal que está além das fronteiras. De outro prisma, observem que, em termos argumentativos, que a dita ignorância das potências PSI veio substituir a proposição fixa da necessidade de conexão psíquica entre sensitivo e paciente, só que de uma forma tão geral que não se tem como refutá-la. Este "desconhecimento" poderia ser invocado em tese para tudo, pois se não se sabem seus perímetros nada impede que eles não existam. É um verdadeiro cheque em branco a ser preenchido como argumento na ocasião de cada manifestação supranormal. Isto é parcimonioso? Ceio que não! Todavia, para todos os casos em que não haja necessidade de invocar tal cláusula a teoria anímica pura deve prevalecer por, justamente, usar uma proposição a menos, enquadrando-se melhor no princípio da parcimônia de Ockham. E isto o espiritismo, desde o século XIX já admitia.

Vejamos o caso relatado pelo prof. Oliver Lodge no Journal of the S.P.R:

Como explicar tais formas de transmissão mental de uma pessoa a outra? Tomemos o episódio da palavra "Honululu" por mim citado no livro "Raymound". O grupo familiar de experimentadores de Birmingham pediu à personalidade mediúnica "Raymound" para transmitir a palavra "Honululu" a outro grupo de experimentadores em Londres, e a palavra foi transmitida. Ora, o caso pode explicar-se considerando-o uma experiência telepática, mas a [sic] circunstância que não se deve esquecer, pois que constitui o lado dramático da interpretação é esta: o encargo de transmitir a mensagem foi dado a "Raymound", que se achava em relações com os dois grupos de experimentadores.

E, assim sendo, não se pode deixar de reconhecer que se o episódio se pode explicar telepaticamente, pode-se interpretar ainda melhor, pressupondo que o espírito "Raymound" tenha efetivamente transmitido como intermediário a mensagem que lhe foi confiada.

Ernesto Bozzano corrobora o entendimento em sua obra "Comunicações mediúnicas entre vivos", p. 118:

A última interpretação dos fatos parece mais legítima do que a outra porque nesta se leva em devida conta a circunstância fundamental que confere valor ciclo inteiro das experiências em apreço, isto é, que as manifestações da entidade espiritual "Raymound", constituem o fim e a razão de ser das próprias experiências e, como a mesma entidade já havia fornecido provas bem notáveis em favor da sua identificação pessoal, segue-se que, querer separar o episódio exposto do complexo orgânico dos outros episódios, explicando-o de forma diversa, seria um procedimento arbitrário e anticientífico.

Como se pode depreender pelas transcrições acima, o princípio da parcimônia também não deve ser apreciado como absoluto em virtude da importância em se analisar um fenômeno em correlação com todos os outros produzidos. A interpretação cingida dos fatos, como bem lembrado por Bozzano, é anticientífica. Mister, por conseguinte, que a análise acurada leve em conta todas as ocorrências sob os auspícios de uma exegese integrativa e que evite assim a divisão de pontos tão perniciosa ao desenvolvimento do conhecimento, pois que, por vezes, maliciosamente articulada para agradar as mentes de raciocínios sectaristas do pseudocientificismo.

Isto posto, é de se concluir que o Espiritismo é a ciência que comporta as teorias que melhor explicam uma diversidade fenomenológica [não todas] que o dedicado pesquisador da área do supranormal pode carrear. E que para estes fenômenos, portanto, é verdadeiro paradigma. Não existe, pois assim, anomalias em seu bojo. O Espiritismo não exclui a existência das potências psíquicas, aliás, diz que elas são medidas necessárias a fim de que a comunicação medianímica se estabeleça. Ele não é absoluto a toda espécie de manifestação e concede justa causa a episódios em que é razoável acolher tão somente o desdobramento do psiquismo do médium [a percepção extra-sensorial]. Nem tudo, pois, é mediunidade, porém também nem tudo pode ser traduzido por eventos PES. Isto é parcimônia!

26/07/2006

2008/11/21 A ERA DO ESPÍRITO

Espiritismo e Liberdade de Consciência
Breno Henrique de Sousa*
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/comportamento/espiritismo-e-liberdade.html


837- Qual o resultado dos obstáculos postos à liberdade de consciência?
- Constranger os homens a agir do modo diferente do que pensam, torná-los hipócritas. A liberdade de consciência é uma das características da verdadeira civilização e do progresso.
O Livro dos Espíritos.
Obra codificada por Allan Kardec


Uma das características que admiro no Espiritismo é a plena liberdade que a doutrina dá aos seus seguidores. Não poderia ser diferente em se tratando de Espiritismo já que a doutrina se construiu pelos caminhos da ciência.

A primeira liberdade que temos por isso é a de poder questionar livremente o próprio Espiritismo. Como a doutrina se construiu pelo caminho da ciência, ela nos ensina a questionar todas as coisas e a não aceitar o quê quer que seja sem uma análise profunda e sem restrições aos nossos questionamentos.

Essa liberdade é que faz do Espiritismo uma doutrina com uma grande pluralidade de pensamentos, nela poderemos encontrar diversas tendências filosóficas e sem questionar o mérito de nenhuma delas, é importante observar como conseguimos conviver com tantas diferenças sem que haja nenhum cisma ou divisão.

É uma pena que existam pessoas que enxerguem esta pluralidade como uma ameaça, estes acham que todos deveriam pensar da mesma forma e temem as diferenças, estes não assimilaram este lado essencial do Espiritismo.

Outros porém, pronunciam suas opiniões como se elas fossem aceitas unanimemente por todos e como se fossem verdades doutrinárias, estes desrespeitam também as diferenças, não sabem dividir o quê está no campo dos princípios básicos daquilo que está no campo da polêmica e se assim o fazem, só podemos pensar que isso se dê por dois motivos: ou porque não conhecem bem as bases doutrinárias e confundem suas opiniões com os princípios da doutrina; ou porque o fazem com segundas intenções, misturando verdades com opiniões próprias na tentativa de confundir os menos esclarecidos e de respaudar suas idéias sob a luz dos princípios espíritas.

Esta última atitude sim, representa a verdadeira ameaça ao Espiritismo, não é das diferenças que devemos temer, não são os Rousteinguistas, Ubaldistas ou qualquer "istas" que representam ameaça. A ameaça está naqueles que por falta de conhecimento ou de caráter mesclam as idéias que estão no campo das opiniões com aquelas que são verdades aceitas por todos os adeptos do Espiritismo.

Liberdade para pensar é fundamental mas responsabilidade sobre o quê se diz é ainda mais importante. Eu posso defender uma idéia ou corrente de pensamento polêmica mas na hora de subir à tribuna das instituições, na hora de exercer o papel de evangelizador ou em qualquer situação em que eu represente a Doutrina Espírita, é importante separar claramente o quê é opinião própria daquilo que é princípio básico da doutrina. E mesmo tendo a liberdade de apresentar estudos sobre uma determinada corrente de pensamento, é necessário deixar claro que se trata de uma opinião que não é aceita por todos os espíritas e que dita opinião está longe de desfrutar do mesmo status de idéias básicas como a reencarnação e a comunicabilidade dos espíritos.

Seria bom conhecer um pouco sobre Thomas Kün e Lakatos, estes filósofos da ciência nos dizem que toda ciência tem seu "núcleo rígido" que é formada por um conjunto de idéias básicas que dão corpo a um "paradigma", ao redor das idéias básicas existe um conjunto de idéias acessórias que sofrem modificações constantes sem afetar o "núcleo rígido". É natural que qualquer ciência sofra ajustes sem que isso afete seu núcleo rígido. Por Exemplo: a comunicabilidade dos espíritos é um princípio que está no núcleo rígido da ciência espírita, mas a questão do corpo fluídico de Jesus é uma idéia acessória que não importa a conclusão que se chegue a esse respeito, e eu duvido que se chegue a alguma conclusão, isto não afetaria as idéias que estão no núcleo rígido, ou seja, o fato de Jesus ter tido um corpo fluídico ou de carne não mudaria em nada a questão da reencarnação e nem tão pouco afetaria o princípio da comunicabilidade dos espíritos ou qualquer outro que faça parte do "núcleo rígido" de princípios doutrinários.

Não sei como é que tanta gente perde tanto tempo se consumindo por causa de "idéias acessórias" e que não afetam o núcleo da doutrina, isso reflete o ostracismo existente no nosso movimento Espírita, pessoas limitadas e circunscritas a uma polêmica secundária que fazem disso uma verdadeira guerra e que se esquecem de contribuir para o crescimento de tantas outras idéias e pesquisas realmente importantes.

Também acredito que não se deve deixar de falar das idéias acessórias, é por elas que obtemos novos conhecimentos, os grupos de estudo sérios devem refletir sobre estas polêmicas, questionar a fundo, porém isso não deve ser motivo de dissensões. Desde que se trate do assunto com honestidade e fazendo-se os devidos esclarecimentos, nada mais saudável do que perscrutar os arcanos doutrinários na busca de conhecimentos mais profundos e nada mais necessário, já que entraremos em caminhos desconhecidos, do que manter a sobriedade e humildade para não cairmos nas armadilhas das paixões por nossas próprias opiniões.

O ser humano ainda não está acostumado a caminhar pelo desconhecido e sempre que se aventura filosoficamente está sujeito as limitações que lhe são próprias e, neste caso, é de se esperar que surjam uma infinidade de opiniões sobre um mesmo tema mas temos que passar por essa escuridão para um dia chegarmos a verdade que é sempre gradativa.

Uma outra forma de liberdade que a doutrina nos permite exercer é a liberdade religiosa, o fato de sermos adeptos do Espiritismo não nos impede de freqüentar qualquer outra religião ou fazer o que queiramos fazer. A liberdade de ação está por isso muito explícita, no Espiritismo não há regulamentações de caráter exterior nem de votos de obrigação religiosa. O Espírita não precisa falar, vestir, comer ou pensar de um mesmo jeito, aliás, estas são ações que se relacionam com a cultura, preferência e educação de cada um.

Digo isso porque fiquei horrorizado quando outro dia eu soube que uma mãe se queixou a uma evangelizadora, alguém que conheço a muitos anos e que possui uma conduta irrepreensível, apenas porque ela estava com as unhas pintadas com uma cor escura, que na opinião da mãe eram inadequadas para o ofício de evangelizadora. Fiquei ainda mais pasmo quando descobri que esse tipo de preocupação entre os que se dizem espíritas é mais comum do que se imagina. Que importa a cor das unhas da evangelizadora? Não seria melhor saber se a evangelizadora é competente, se tem preparado bem as aulas e qual o conteúdo dado em sala? Este tipo de atitude mostra como as pessoas ainda estão arraigadas ao exterior e ainda não assimilaram a essência das idéias espíritas.

Algumas pessoas já me procuraram dizendo que se afastaram da doutrina por se sentirem vigiadas, reguladas ou normatizadas por pessoas que lhe diziam o que fazer ou que viviam criticando suas atitudes. Sem julgar os méritos das atitudes de ninguém e salvo as exeções das atitudes que prejudicam a terceiros, não devemos a ninguém satisfação dos nossos atos além de Deus e de nossa própria consciência. A ninguém cabe nos julgar.

Estes que por esse motivo se afastam da doutrina sempre encontrarão em todas as partes pessoas controladoras e indiscretas, pois este tipo de gente existe em qualquer lugar e se formos esperar um grupo livre disso viveremos uma espiritualidade pobre e individualista. Os hipócritas que devem recuar, os que tem consciência devem permanecer onde estão e criticar fortemente sempre que forem alvo deste tipo de atitude.

Se esta evangelizadora não fosse uma pessoa consciente ela teria se escandalizado e se afastado da doutrina alegando que ela está cheia de pessoas superficiais. Mas, ao contrário, ela repreendeu àquela senhora lhe dizendo que aquilo não tinha a menor importância e que a cor das suas unhas não feria a dignidade de ninguém e nem comprometia a sua eficiência como evangelizadora.

Não é então ao Espiritismo que devemos acusar de ser piegas, superficial ou só mais uma religião que quer ter controle sobre a vida das pessoas. Nós é que devemos lutar contra isso, temos a vantagem de ter a doutrina a nosso favor, devemos usar os conhecimentos que ela nos dá para livrá-la deste tipo de expressões preconceituosas. A doutrina não exerce controle sobre a vida de ninguém e nem deve exercer, ela nos ensina sim a sermos auto-suficientes e independentes, o único controle aqui é o "auto-controle", não precisamos de "oradores-profetas" e "guias-oráculos", não precisamos estar na dependência de "mister-médium" nenhum, nem devemos reverência a quem quer que seja.

Que estória é essa agora de só se dar valor a uma mensagem quando ela é assinada por médium "fulano de tal"? Isso não existia na época de Kardec, vocês sabem o nome dos principais médiuns que trabalhavam com Kardec? Pois é! Pouca gente sabe. É que nessa época o que se valorizava era o conteúdo da mensagem e não o nome de quem assina embaixo. É bom começar tudo de novo e estudar O Livro do Médiuns para adotarmos uma outra postura.

As pessoas estão sempre buscando guias que lhe digam o que fazer, querem algo pronto como um manual de instruções para lhes poupar do trabalho de pensar, é mais fácil fazer da codificação um livro sagrado do que aprender a fazer o que nos ensinam os espíritos e Kardec. As pessoas estão muito preocupadas em "seguir Kardec" e se esquecem de "agir como Kardec". Tenho uma má notícia aos acomodados, estes que não pensam não vão chegar a lugar nenhum! Vão ficar sempre a mercê do que o "mentor" ou "diretor" falar, não serão capazes de distinguir o "Bezerra de Menezes" da "Bezerra do Menezes" pois não aprenderam a pensar por conta própria e o preço que se paga pela ignorância é o sofrimento.

Sejamos livres e saibamos crescer orientados por esta maravilhosa doutrina que nos pede apenas que amemos e nos instruamos, o Espiritismo é a luz na escuridão da ignorância humana a cerca dos valores espirituais mas embora a luz ilumine nossos caminhos, somos nós quem devemos trilhar com nossas próprias pernas a senda da felicidade.

*Membro do Núcleo Espírita Eurípedes Barsanulfo e da Federação Espírita Paraibana, e-mail: bhsousa@yahoo.com.br .











Com esta mensagem eletrônicaseguem muitas vibrações de paz e amorpara você





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sexta-feira, 21 de novembro de 2008



O Milagre cai do Céu?

A esta hora, neste planeta, quantos milhares de pessoas, estão a espera de um milagre. Seja, para a cura de uma enfermidade, melhoria das condições financeiras, presença de uma pessoa querida, e tantos outros anseios, classificados como essenciais, por nós, para conseguirmos a felicidade...A espera destes milagre se faz sempre acompanhar de muitos pedidos, direcionados à entidades divinas, que julgamos, capacitadas a resolverem todos os nossos problemas... mas até que ponto devemos esperar por estes milagres? Será benéfica esta espera? Eu diria que via de regra sim...baseando-se no fato de que muitas vezes a oração que fazemos para a resolução do "problema" nos traz como benefícios o fortalecimento da nossa fé..e muitas vezes o "milagre" muda de rumo e mesmo sem nos apecebermos, realiza transformaçóes em nós, nos colocando aptos para enfrentarmos a adiversidade, nos pondo diante de soluções inimagináveis, até então, por nós.
Partindo do principio de que nos momentos de aflição somos fortalecidos pela oração, porque então temos de nos tornar frágeis, pela dor, para usufruirmos do poder que tem a nossa fé sobre nos? Seria mais lógico nos mantermos em permanente estado de oração, nos tornando assim aptos a percorrermos a nossa estrada, contornando os obstáculos com determinação e sabedoria. Desta forma , aboliríamos de nossa vida os estados de aflição e desespero que nos causam tanto sofrimentos.
Se bem analisassémos iríamos descobrir que muitas vezes a nossa ansiedade por conseguirmos alguma coisa nos provoca mais sofrimento do que a real cosecução ou não, do fato em si.
Para ajudar-me neste meu devaneio fui em busca de alguém que me fizesse sentir firmeza naquilo que estava tentando me expressar e eis que me deparo, com este lindo texto, do nosso amado Chico. Vejam como sintetiza tudo.


"PERANTE A DOR

A dor é uma bênção que Deus nos envia” — diz-nos o verbo iluminado da Codificação Kardequiana, e ousaríamos acrescentar que é também o remédio que solicitamos no limiar da existência terrestre. Espíritos enfermos e endividados, rogamos, antes do berço, os problemas e as provações suscetíveis de propiciar-nos a alegria da cura e a bênção do resgate. Entre votos de esperança e lágrimas de angústia, pedimos em prece o reencontro com antigos desafetos de nossa estrada, pedimos as deformidades orgânicas, as moléstias ocultas, as mutilações dolorosas, o pauperismo inquietante, os golpes de calúnia, as desilusões afetivas, a incompreensão dos mais amados e os enigmas do sofrimento junto daqueles que se erigem à posição de nossos credores na Contabilidade Divina; entretanto, em plenitude das energias físicas, quase sempre recuamos ante os cálices de amargura, exigindo conforto imediatista e vantagens materiais, à feição de doentes enceguecidos recusando o medicamento que lhes prodigalizará a recuperação, ou à maneira de alunos preguiçosos e imprudentes fugindo sistematicamente à lição... Lembremo-nos, pois, de que a luta é concessão celeste e de que a dificuldade é benfeitora do coração.
Aceitamo-las no caminho, não apenas com a noção da justiça que, por vezes, exageramos até a flagelação da secura, nem somente com o bordão da coragem que, em muitas ocasiões, transformamos em perigosa temeridade mas, acima de tudo, com a humildade da paciência que tudo compreende para tudo ajudar e purificar, na jornada de nossa cruz redentora, pela qual, entre a serenidade e o amor, encontraremos por fim a imortalidade vitoriosa."

(Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. In: Através do Tempo)

E QUE ASSIM SEJA!!!!!!!!!!!!

Um grande fraterno Abraço!
Jacinta

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A DIFÍCIL ARTE DE CRÊR




REFLEXÃO
Tem um Tema que está me fazendo refletir, atualmente: A difícil arte de crer do SER humano. Como nos é difícil fugir de nossos paradigmas !!! Ontem eu estava vendo um programa na televisão, onde dois padres respondiam perguntas aos telespectadores, sobre diversos temas, e uma das perguntas versou sobre, haver ou não, uma prova real da existência de DEUS. Então eu vi os Padres se embananarem na explicação; - A fé está ai meu filho, em você mesmo sem ter provas, acreditar, veja o exemplo do Amor do marido e da mulher, ninguém ver o sentimento, mas, temos fé que ele existe, a mulher tem fé que o marido a ama....... – Falou, mais ou menos assim, um deles.
Confesso que fiquei muito decepcionada com a resposta, já que o padre que assim respondeu, é uma pessoa a quem admiro, por o considerar um ser humano com a mente aberta e de grande inteligência...Mas, essa resposta, me frustrou completamente, tanto quanto como admiradora de um irmão, como nas minhas expectativas de Deus que vão muito além de um sentimento humano, como exemplificado pelo Reverendo.
Daí me vem uma curiosidade, acho que todos nós, ou a maioria, temos um ente querido que já desencarnou, o que pensamos a este respeito? Será que já paramos para pensar, em que estado, hoje, esta pessoa se encontra? Os céticos devem ter em mente, que do “pobre ente querido”, nada mais resta, já que é provado que a nossa matéria, será indubitavelmente, alimento para outros seres vivos. Bem, e os que não são céticos, os que acreditam em Deus, em Jesus, procuram seguir os ensinamentos do Evangelho, o que pensam este? A partir do princípio que se caracteriza Deus tal qual um sentimento e, a lembrança, a saudade são sentimentos, a partir deste ponto de vista, tal qual o cético, o que temos destes nossos queridos não é nada mais do que o sentimento de que a pessoa, a qual tínhamos uma convivência plena dos mais nobres sentimentos, apenas ocupava um lugar no espaço, e que este local está agora vazio; - Vamos em frente....ninguém é insubstituível....
Olhe, neste sentido, eu me considero uma pessoa muito fraca, pois não poderia conviver com uma realidade tão cruel; - Nascemos, vivemos, morremos e pronto ...
Se formos ainda, mais um pouco, atrás da conversa de alguns que se dizem crentes, ainda encontraremos outras verdades como; - Não , quando morremos ficamos todos guardado , em um suposto lugar, a espera do juízo final, onde um DEUS, vingador, virá, fechará um pouco a porta, deixando apenas uma pequena abertura, para poucos passarem, e os outros que esperaram tanto tempo...para onde vão? Para o Inferno ou algo parecido...Minha gente, mas porque então esperaram tanto tempo? Não poderiam ter dado logo este veredicto cruel....
Sim, mas divaguei um pouco, pois iniciei falando da prova da existência de Deus... Como provamos a nossa existência? A nossa origem? A origem do Mundo? Algum ser humano já conseguiu provar ? Então, minha gente, como queremos nós provar a existência de algo tão superior a nós, como podemos ficar comparando DEUS, à coisas tão humanas? Aí é onde fica a minha reflexão: Que imensa resistência tem o ser humano de enxergar além das aparências !!??...Neste sentido nos assemelhamos em muito aos animais admoestado , que não se mostram capazes de fugir ao roteiro que o seu admoestador lhe impôs, a nossa mente, na maioria das vezes é tão fechada que ficamos quase irracionais.....As evidências estão na nossa frente o tempo todo, mas, não nos acostumamos a ver com o nossos olhos, necessitamos na maioria das vezes da ajuda de outros olhos, e é assim que conseguimos não acreditar em nós, em termos que está sempre precisando da aquiescência da maioria para traçarmos nosso estilo de vida, nossos costumes nossos hábitos. É claro que fomos feito para vivermos em sociedade, mas a sociedade é tudo o que cada um de nós somos, não existe sociedade, sem a contribuição de cada um de nós, todos temos a mesma importância na constituição da mesma...Então, enquanto estivermos esperando pelas outras pessoas para obtermos respostas aos nossos anseios, nada vamos encontrar, temos que prestar atenção em nós, para onde nos guia a nossa intuição, a verdade só é ou será nossa, quando nós mesmo a encontrarmos...Então, veremos, sentiremos e vivificaremos Deus por toda a eternidade.

terça-feira, 11 de novembro de 2008


Civilização e Progresso
Iaponan Albuquerque da Silva
www.difusionespirita.divulgacion.org/ARTICULOS/BI/ CIVILIZACION%20Y%20PROGRESO-.doc

Desde a mais remota antiguidade, encontraremos no seio dos povos um ideal superior de progresso. Este, como é natural, surge através do trabalho intensivo dos membros das sociedades, do esforço coletivo e conjugado de todos os órgãos que compõem as comunidades. Todavia, de permeio com essa dinâmica evolutiva, queremos ressaltar a situação daqueles que, na condição de autênticos promotores da Civilização e do Progresso, impulsionam nações, transformam idéias, criam sistemas de melhoramentos para as condições de vida de indivíduos e povos, e como que carregam em si as mais potentes virtudes do adiantamento e do avanço de idéias e realizações, deixando sobre a face da Terra os sinais indiscutíveis de sua superioridade intelecto-moral traduzida em obras de real interesse individual e coletivo. Houve, há e haverá sempre criaturas assim, que, segundo sabemos, são Espíritos iluminados, enviados à Terra com a missão expressa e a finalidade precípua de fazê-la progredir. Não pretendemos aqui fazer citações daqueles povos em cujos países floresceram obreiros e heróis de todos os matizes, mas apenas salientar que, tendo o Orbe Terreno atingido um alto índice de conhecimentos técnico-científicos, não lograram seus habitantes assentá-los sobre bases sólidas. Passaram, multiplicaram-se e revezaram-se arautos e vanguardeiros da Civilização e do Progresso, porém, a grande, a inexcusável verdade é que o coração do Homem permanece fechado aos apelos do Alto, em terrível crise abúlica do sentimento, sofrendo de visível acromegalia em seu corpo associativo. Antes de nos estendermos mais sobre tão momentoso quão palpitante assunto, recorramos à Codificação Kardequiana e atentemos para a orientação que, nesse sentido, nos vem de Mais Alto. Vejamos os desdobramentos da pergunta 780 de O Livro dos Espíritos e as sapientíssimas respostas dos Espíritos Reveladores, dadas a Allan Kardec: O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.” a) – Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher.O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.” b) – Como é, nesse caso, que, muitas vezes, sucede serem os povos mais instruídos os mais pervertidos também?“O progresso completo constitui o objetivo. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo o atingem. Enquanto não se lhes haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal.O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se.” Diante de tão oportunos e importantes esclarecimentos, concluímos facilmente que o fenômeno atualmente apresentado no Globo Terráqueo deixa de oferecer dificuldades de apreciação e entendimento. O verdadeiro progresso de um povo, de uma nação estribar-se-á necessariamente nas suas conquistas morais e intelectuais e, quando tal não se verifica, apresentam-se anomalias no seio das coletividades, em forma de convulsões de toda espécie. Levando-se em conta que essas ponderações se aplicam a todos os povos, depreender-se-á daí o lastimável aspecto que eles nos apresentam, por efeito dos desvios do Homem que aviltou a sua própria consciência e o seu senso de responsabilidade, dando às descobertas científicas aplicação para a guerra, como se o extermínio fosse Lei de Morte para a Vida. Sobre a Civilização, vejamos ainda, em O Livro dos Espíritos, a pergunta 793 e a respectiva resposta: Por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa?“Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização.” Ante tais assertivas, emanadas de Espíritos de escol, lastreadas pelo consenso da lógica, resta-nos somente confessar que longe estamos das verdadeiras metas da Civilização, daquela que há de imperar no futuro, quando da regeneração do Planeta. A nós, espíritas, compete o dever inadiável de, à luz do Evangelho de Jesus Cristo, batalharmos pela implantação dos princípios cristãos, acrisolarmos virtudes e fugirmos às esdrúxulas fórmulas de renovação calcadas em extremismos de violência, cientes das luminosas palavras de André Luiz: “O homem renovado para o Bem é a garantia substancial da felicidade humana.” Fonte: Revista Reformador – non/2001 Com esta mensagem eletrônicaseguem muitas vibrações de paz e amorpara você---------http://aeradoespirito.sites.uol.com.br/

segunda-feira, 10 de novembro de 2008




DO PRINCÍPIO INTELIGENTE.
J. Herculano Pires
no livro AGONIA DAS RELIGIÕES, cap. VII.

Tratei até agora da relação direta do pensamento de Deus com a matéria. Essa relação é necessária, da mesma maneira que é necessária a relação direta do pintor com o quadro que ele executa, e portanto do trabalho que ele realiza no quadro, orientado pelo seu pensamento. Na verdade, o seu pensamento se projeta no quadro e ali se materializa, passa do plano do inteligível para o plano do sensível. Ao completar sua obra, cessa a relação direta ou ativa, mas permanece a relação passiva ou indireta. Assim, a relação direta caracteriza o ato de pintar, ou de criar. Pode-se alegar a existência de intermediários: as mãos, a palheta e o pincel, a tinta. Mas convêm lembrar que todos esses instrumentos fazem parte da obra em execução, sobre a qual o pensamento do pintor atua diretamente.

Na ação de Deus sobre a matéria o processo é o mesmo. O pensamento divino aglutina a matéria, dando-lhe estrutura, através da qual temos a passagem do pensamento do plano do inteligível para o plano do sensível. Uso a divisão de Platão neste sentido: o inteligível é o intelecto divino e o sensível é o plano do sensório, das sensações humanas. Dessa maneira, Deus materializa o seu pensamento para atingir a sensibilidade do campo material em que o homem vai ser criado. No fiat ou ato inicial da criação temos a ação direta e ativa do pensamento divino estruturando a matéria. Uma vez formada essa estrutura, surge um elemento novo que é designado pela expressão princípio inteligente (1). O pensamento divino ligado à matéria adquire autonomia, sem com isso desligar-se da fonte que o alimenta. Transforma-se na mônada (2), elemento básico e estrutural da matéria, de que são compostas as próprias partículas atômicas. A palavra mônada procede de Pitágoras, foi empregada por Platão como idéia e desenvolvida modernamente por Leibniz e Renouvier como uma substância inteiramente simples (pura indivisível e refratária a qualquer influência exterior. A mônada é dotada de uma força interior que a transforma, de potencialidades que se desenvolvem continuamente e de capacidade de percepção e vontade. As mônadas são diferentes entre si no tocante a essas potências internas.

Estas correlações filosóficas são necessárias para entender-se o que é o principio inteligente da concepção espírita. Trata-se, como se vê, do princípio básico de toda a realidade, responsável pela formação dos reinos da Natureza, pelo desenvolvimento da vida e de todas as faculdades vitais e anímicas dos seres. O admirável poder de intuição dos gregos captou não só a existência dos átomos, como também a das mônadas, que a Ciência atual já está conseguindo atingir nas profundezas da misteriosa estrutura da matéria, na pesquisa sobre as partículas atômicas. A teoria espírita do princípio inteligente é explicada de maneira sintética no "O Livro dos Espíritos". No item 23 dessa obra lemos o seguinte: Que é o espírito? E o princípio inteligente do Universo. Seguem-se outras explicações nas quais a inteligência se define como um atributo essencial do espírito. Geralmente confundimos a substância (espírito) com a inteligência, que é seu atributo (3).

Colocado assim o problema, parece-me explicada a razão pela qual os Espíritos Superiores não esmiuçaram essa questão fundamental. Na própria tradição filosófica, desde bem antes da era cristã, já dispunha-mos dos elementos necessários de intuições capazes de nos fornecerem os dados para uma equação futura. Faltava-nos, porém, o desenvolvimento, que só mais tarde poderia ocorrer, das pesquisas cientificas em profundidade. Atualmente já podemos compreender com mais clareza a dinâmica do processo criador. A teoria filosófica da mônada, que antes poderia ser considerada como simples hipótese inverificável, adquire hoje a condição de uma teoria cientifica ao alcance da comprovação pela pesquisa. Teorias como a do físico inglês Dirac (4), por exemplo, segundo a qual o Universo está mergulhado num oceano de elétrons livres, ou a dos físicos soviéticos, de que esse oceano parece ser de uma luz violácea proveniente dos primórdios da criação, mostram-nos as possibilidades novas que as pesquisas espaciais estão abrindo nesse campo. O mesmo se pode dizer da teoria dos campos de força que preenchem todo o espaço sideral.

É evidente que, diante dessas novas posições conceptuais, toda a nossa cultura entra em crise, prenunciando o advento de um novo mundo. A inteligência humana se abre para dimensões mais amplas e profundas da realidade universal, exigindo a reformulação de conceitos e estruturas culturais envelhecidas (5). Não podemos mais pensar em Deus como uma figura humana, nem do ponto de vista formal, nem do substancial. Só podemos considerá-lo como o Ser Absoluto, como a Inteligência Suprema, mas assim mesmo sem lhe atribuir nenhuma das limitações humanas. Os teólogos do Cristianismo Ateu, da Teologia Radical da Morte de Deus, sentem isso na própria pele, mas faltam-lhes os dados para uma equação mais positiva do problema. Divagam através de suposições ameaçadoras e caem irremediavelmente num torvelinho de contradições. Se tivessem a humildade de consultar a Filosofia Espírita, essa pedra rejeitada da parábola evangélica, encontrariam nela a pedra angular do novo edifício a construir.

O Espírito a que a Bíblia se refere em numerosos tópicos e que nos Evangelhos torna o nome de Espírito Santo é o Espírito de Deus em sua manifestação universal. A Criação tem dois aspectos, o material e o espiritual. O sopro de Deus é o espírito criado no fiat e o homem de barro, o Adão terreno, o ápice da criação nos mundos em desenvolvimento, como a Terra. O sopro de Deus nas ventas do homem de barro, para infundir-lhe o princípio da vida e da inteligência, é a ligação do espírito com a matéria na formação da mônada. No pensamento divino todo o quadro da criação estava presente desde o princípio. E tudo era perfeito. A perfeição do ideal constituía o modelo da realidade (o mundo da rés, das coisas) que devia projetar-se no Infinito. Por isso, as mônadas diferenciadas, com características específicas, seriam semeadas no espaço, para a germinação lenta, mas segura e contínua, dos conteúdos essenciais de cada uma delas. A mônada é a semente do ser, da criatura humana e divina que dela surgirá nas dimensões da temporalidade.

Não se pode conceber, em nossa relatividade humana, mais grandiosa e perfeita concepção do ato criador. Podemos perguntar porque Deus, que é o supremo poder, precisa do tempo para realizar essa obra gigantesca. Mas o Espiritismo ensina que a nossa relatividade decorre de necessidades nossas e não de Deus. O que para nós são séculos e milênios, para Deus pode ser apenas aquele instante que, para Kierkegaard, era o encontro do tempo com a eternidade. Um instante de profundidade e extensão imensas, que resume para o homem todas as suas existências nas duas dimensões do Universo que hoje nos são acessíveis: a espiritual e a material.

E, sem dúvida, espantoso pensar, como Gustave Geley, que tudo quanto consideramos inconsciente, desde o grão de areia aos mundos que giram em torno dos sóis, possui a potencialidade da consciência em desenvolvimento no seu interior. Mas quando compreendemos que a mônada, síntese de espírito e matéria, é uma unidade infinitesimal, sobre a qual se apóia toda a realidade - o que corresponde à concepção atômica da Ciência em nossos dias -- nossa mente começa a abrir-se para um entendimento superior. Se o poder do átomo nos espanta, a potencialidade da mônada nos aturdiria. E ambos esses poderes nada mais são do que fragmentos do poder de Deus. Quando pensamos nisso, a teoria do princípio inteligente começa a revelar-nos a grandeza da doutrina espírita.

E no entanto os seus fundamentos estão nos princípios evangélicos, sobre os quais milhares de teólogos, filósofos, místicos e pregadores escreveram e falaram sem cessar, numa catadupa de páginas e palavrórios ao longo de dois mil anos? Essa opacidade da inteligência humana, esse embotamento da capacidade de compreensão poderia fazer-nos descrer das potencialidades do principio inteligente se não soubéssemos que o instinto gregário do homem o leva à imitação e à repetição dos papagaios. Quando Kardec se atreveu, utilizando-se de todos os recursos de sensatez e equilíbrio, apoiando-se na cultura do Século XIX -- para não provocar reações precipitadas que lhe prejudicariam a obra -- a publicar "O Livro dos Espíritos", todos os anátemas da Religião, da Ciência e da Filosofia caíram sobre ele como as bombas norte-americanas sobre o Vietnã. Somente agora se abre uma perspectiva favorável, em todos aqueles campos reacionários, para uma possível compreensão do seu gigantesco trabalho de reposição das coisas em seus lugares. Mas então aparecem os que pretendem reformar, atualizar e tecnilizar as suas obras ao invés de estudá-las e aprofundar-lhes o sentido. Isso nos prova quanto necessitamos do tempo para que a mônada oculta se abra e se atualize em nós.

Todas as coisas têm sua origem no mundo das idéias, como Platão, levado pelas mãos de Sócrates, percebeu claramente. Nos planos superiores do Universo não se usa a linguagem articulada das hipóstases inferiores. Fala-se do pensamento, na linguagem telepática pura. Sócrates descobriu essa linguagem ao encontrar o conceito no fundo de cada palavra. Pode-mos assim conceber que a linguagem de Deus seja puramente mental. Na mente divina a idéia do Universo delineia-se perfeita, mas a projeção dessa idéia no plano inferior da matéria tem de vencer os obstáculos e as resistências da materialidade. Foi o que Hegel (6) viu e descreveu com precisão em sua teoria estética, mostrando a luta do belo para se sobrepor, no tempo, às imperfeições materiais.

O mesmo se dá com o princípio inteligente, que, para vencer a opacidade da matéria, para inteligenciá-la, segundo Kardec, tem de lutar na temporalidade. Mas, podemos perguntar, porque Deus não fez em condições transparentes a matéria, ao invés de opaca? O Espiritismo explica que a matéria se torna transparente na proporção em que visualizamos as planos superiores, de tal maneira que a confundimos com o espírito. Isso nos mostra que a técnica dos contrastes desaparece naquilo que Buda chamou de Nirvana e que a nossa apoucada inteligência considerou como o Nada. Kant teve razão ao localizar os limites da razão humana no momento em que cessam as contradições dialéticas. Mas nesse momento, nessa linha divisória entre o mundo real e o mundo ideal, começa a razão angélica. Os homens transformados em anjos - não com asas nem com estrelas na fronte mas com a mente e o coração purificados, passam a ver e a compreender a realidade pela intuição direta e global. Nesse momento descobrem a perfeição do Universo, aquela perfeição que, desde o princípio, estava na concepção ideal de Deus, mas que nas hipóstases materiais tornava-se irreconhecível como a Vênus de Milo (7) coberta de terra e lama quando á arrancaram do subsolo.

O próprio tempo desaparece nesse momento. Não há mais necessidade do véu de Ísis (8) da temporalidade para encobrir a verdade das coisas e dos seres. Mergulhamos no eterno, que não é estático e inerte como o supomos, mas tem a dinâmica e a lucidez de que o pensamento nos pode dar um vago exemplo. Kardec verificou, em suas pesquisas espíritas, que a esquematização do sensório humano, com a divisão das faculdades sensoriais em órgãos específicos e rigidamente localizados no corpo, não existe para os espíritos libertos das impressões materiais. Os espíritas percebem, vêem e sentem de maneira global, por todo o seu ser em sintonia com toda a realidade. As deslocalizações e transferências das sensações nas práticas hipnóticas comprovam, em nosso plano, a veracidade dessa descoberta efetuada nas suas pesquisas mediúnicas. Seu ensaio sobre a sensação nos espíritos, que se encontra no livro básico da doutrina, ê uma peça de esclarecimento lúcido e didático desse problema.

As pesquisas atuais da Parapsicologia, que até agora só puderam refazer o caminho percorrido por Kardec, representam uma confirmação da validade das suas afirmações de mais de um século. Apesar disso, e no interesse inferior da defesa de posições sectárias, toda uma multidão de falsos cientistas se empenha na tarefa ingrata de desmentir o Espiritismo através de capciosos argumentos temperados na panela da mentira ou nos caldeirões da trapaça diabólica. Mas nada disso impedirá que a verdade triunfe, pois a verdade é, existe por si mesma e não pede licença a nenhum censor religioso ou ateu para se revelar como ela é, aos olhos de todos os que se fizerem dignos dela.

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NOTAS DO A ERA DO ESPÍRITO:
(1) Ver resposta da questão 23 do O LIVRO DOS ESPÍRITOS e O QUE É O ESPIRITISMO - Cap. II, item 9, 10 e 14 - (obras de Allan Kardec).
(2) http://www.guia.heu.nom.br/evoluçao_e_corpo_espiritual.htm#mônadas%20fundamentais_índice
(3) Ver in O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Livro I, cap. IV, Inteligência e Instinto, questões 71 à 75, e para saber mais sobre o assunto acionar o < Link > abaixo