quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

ANGÚSTIA


Angústia
Autora: Vivi Mota

Ontem passei o dia meio angustiada, incomodada, sensação de que esta alguma coisa faltando, angustia acho que ninguém consegue explicar, só sabe quem sente.

Resolvi tentar conversar com alguém, uma pessoa de confiança, para tentar amenizar. Saio a procura eis que dou 3 passos e encontro mamãe. Acho que vai ser com ela mesmo (pensei), afinal conselho de mãe sempre é valioso.

Acredito, quando alguém resolve se abrir com outra pessoa, esta implícito um pedido de socorro, um pedido de me ajude a encontrar uma solução. Pena que mamãe não pensa assim, ela é um ser prático, fez engenharia, o que ela gosta mesmo é de calcular. Também existe outro motivo porque gosto de conversar ou de escrever, por que quando eu me escuto ou leio meus pensamentos fica mais fácil de entendê-los. Ao escutar minha própria voz já vem a solução na hora ou logo depois. Por isso falo demais, mais do que deveria.

Com 5 minutos de fala minha (nessa hora meu irmão já tinha entrando no recinto e estava a me escutar também com um olhar de que mulher complicada, graças a Deus que é minha irmã e não minha namorada) mamãe me olha e diz estou lendo um livro ótimo, você deveria ler , é sobre a problemática do SER, do destino e da dor. Então pensei com meus botões, então meu caso é serio, só o titulo do livro dar medo e o dito ainda tem mais de 500 paginas. A coisa é séria mesmo.

Não que eu não goste de ler, muito pelo contrario adoro, mas sinceramente não gostei da indicação, na verdade não era bem isso que estava querendo escutar. Então eu pedi;- mãe, mas o que tem de tão interessante nesse livro, a sra. podia me adiantar? .E ela respondeu objetivamente;- “O dever vem antes do direito”.

Comecei a me incomodar bastante. E o que isso tinha a ver comigo? . Mamãe está parecendo o Dalai Lama, e é um saco conversar com gente assim. Isso eu só pensei e continuei calada. Meu irmão começou a conversar comigo, ele sim tava com interesse em me ajudar, mas mamãe tava só querendo se mostrar eu acho.

Acabou a conversa e mamãe, para completar minha angustia, disse ;-”você devia era escrever um blog”. Eu me retirei do quarto com a certeza que mamãe já estava em um patamar mais elevado e não poderia me entender não. Porque para você conversar com outra pessoa é muito importante as duas estarem na mesma sintonia, no mesmo nível de elevação espiritual se não acabamos sem entender. Um exemplo disso foi Jesus Cristo que até hoje muitos não o entendem, nem a seus ensinamentos pois ele era um ser muito superior, filho de deus e para nosso humilde desenvolvimento espiritual fica difícil de entende-lo até hoje, mesmo depois de mais de 2000 anos.

Fui para o meu quarto e fiquei pensando. Adoro pensar. Afinal todo mundo sabe que o dever vem antes do direito. Ô besteira,pensei. Adoro esta palavra direito. É muito bom você encher a boca e dizer é meu direito. O direito que mais gosto é o direito de ir e vir. Este direito sempre eu me lembro.

Depois comecei a pensar em dever. Lembrei-me imediatamente de dever de casa, da época do colégio, ai, como eu odiava. Acho que eu sou a única pessoa que conheço que odiou a época de escola, era um martírio para eu ir à escola. Eu sofria mesmo com aquelas idas.

Comecei também a lembrar que quando eu era mais nova usava muito um jargão “não sou obrigada não”. Tudo que eu não queria fazer eu dizia não sou obrigada não. Sempre odiei ser obrigada a qualquer coisa, por melhor que fosse. Sempre adorei a liberdade de ir e vir, é muito bom.

Comecei a perceber que talvez eu gostasse mais dos meus direitos que dos meus deveres, ou melhor, acho que sou mulher dos direitos e não dos deveres. Isto é serio. Será este o problema?

Levantei fui fazer outras coisas, não queria mais pensar, odeio pensar. Mas não consegui fugir de mim mesma por muito tempo, quando me deitei para dormir voltei aos pensamentos. Comecei a relembrar o que eu já fiz de dever, obrigação. Lembrei umas coisas, que a mamãe me obrigava a fazer quando eu era criança, afinal acabei o ensino médio por obrigação, eu odiava ir a escola. Lembrei também de uma viagem que fiz com toda a família para Uberlândia que meu pai passava o tempo tirando foto minha e da minha irmã e eu com ódio. Quando foi revelada as fotos em todas elas eu estava com a boca torta fazendo careta. Olha. Mas quis relembrar de coisas mais recentes e vi que as obrigações iam diminuindo de acordo com o que eu ia ficando mais velha.

Quis ir mais longe e Sacrifício? Será que fiz algum na minha vida? Ta certo que ano passado fui morar na Amazônia por conta do trabalho do meu marido, mas não considero um sacrifício muito grande afinal eu quis ir ele disse para eu escolher, sacrifício que é sacrifício você faz sem gostar.

Olhe bem, não quero passar minha vida toda no sacrifício, mas acho que temos que fazer pelo menos um na vida.

Sou uma pessoa realmente que luta por meus direitos, mas talvez não goste muito dos deveres e pior eu fuja deles. Isso é serio.

É obrigada mãe, acho que descobri mais do que eu queria, talvez, pode ser que agora eu melhore ou piore quem sabe. Só sei que resolvi escrever o blog.




Adotarei o Amor

Khalil Gibran



Adotarei o amor por companheiro

e o escutarei cantando,

e o beberei como vinho

e o usarei como vestimenta.

Na aurora, o amor me acordará

E me conduzirá aos prados distantes.

Ao meio dia, conduzir-me-á à sombra das árvores

onde me protegerei do sol como os pássaros.

Ao entardecer conduzir-me-á ao poente

onde ouvirei a melodia da natureza

despedindo-me da luz,

e contemplarei as sombras

da quietude adejando no espaço.

À noite, o amor abraçar-me-á,

e sonharei com os mundos superiores

onde moram as almas dos enamorados

e dos poetas.

Na primavera andarei com o amor, lado a lado,

e cantaremos juntos entre as colinas;

E seguiremos as pegadas da vida,

que são as violetas e as margaridas;

e beberemos a água da chuva,

acumulada nos poços,

em taças feitas de narcisos e lírios.

No verão, deitar-me-ei ao lado do amor

sobre camas feitas com feixes de espigas,

tendo o firmamento por cobertor

e a lua e as estrelas por companheiras.

No outono, irei com o amor aos vinhedos

e nos sentaremos no lagar, e...

contemplaremos as árvores se despindo

das suas vestimentas douradas

e os bandos de aves migratórias

voando para as costas do mar.

No inverno, sentar-me-ei com o amor

diante da lareira e conversaremos

sobre os acontecimentos dos séculos

e os anais das nações e povos.

O amor será meu tutor na juventude,

meu apoio na maturidade,

e meu consolo na velhice.

O amor permanecerá comigo

até o fim da vida, até que a morte chegue,

e a mão de Deus nos reúna de novo

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009



NAO SEI ...
Autora: Vivi Mota

Talvez não entendam bem minhas palavras, mas mesmo assim, convido-os à ler este breve ensaio, claro, se tiverem interesse... O intuito nem é exaltar o homem ou a mulher é apenas uma reflexão sobre as diferenças.
Não gosto de mulher, mulherzinha.E o que é mulher mulherzinha?
São aquelas que começam a arrumar-se 3h antes de sair de casa, que combinam a cor do sapato, com a do cinto, com o da fivela e com a pulseira. Que quando entram no elevador nos constrangem com toda esta combinação, cabelo intocável, e quando, por acaso, sabemos que todo aquele glamour somente é para comprar o pão na padaria da esquina !!!... As vezes elas nem precisam estar presente, mas sabemos que ela esteve em um determinado local só por sentir aquele perfume doce que tem duração de 24h. Se você é uma delas me desculpe, mas não gosto mesmo assim, só uma questão de diferença, de gosto, não leve por favor, para o lado pessoal.

Acho que esta cisma começou com uma vizinha minha que era um mulherzinha, mulherzinha mesmo. Foi a primeira que tive contato. Eu podia esta pronta para um casamento e ela podia esta pronta para ir à academia, mas sempre que coincidia de pegarmos o elevador juntas eu tinha a impressão de que ela ia ao casamento e eu à academia.

Uma vez um amigo me disse que gostava de conversar comigo porque eu tinha "cabeça de homem"... Adorei, fui dormir tão feliz nesse dia... Aquilo significou para mim dizer que eu estava acima das outras, que eu era a mulher perfeita. Acho que é o desejo de todo homem, ter uma mulher com todos os benefícios do sexo feminino, mas que não tivesse aquela "frescuragem de mulher", de sempre está querendo adivinhar o que os outros pensam dela, que se magoa por qualquer bobagem, que pode através de um simples comentário sem maldade desencadear a terceira guerra mundial. Eu tinha acabado de descobrir que eu era perfeita...

Mas esta certeza não durou mais que um dia e meio. Eu e a minha mania de pensar demais... Estraguei tudo. Isso tudo aconteceu quando comecei a fazer uma retrospectiva da minha vida, para provar a mim mesma de como eu realmente era uma mulher com "cabeça de homem".

Comecei pela a adolescência, porque foi a fase que mais gostei da minha vida. Vixe como eu era complicadinha. Mamãe sofreu, como sofreu. Fiz todas as maldades que um adolescente pode fazer com uma mãe, ou quase todas. Questionadora, desobediente, dona da verdade, eita que foi pior do que a crise dos EUA... Só fazia o que me dava vontade, mas claro que eu tinha dor na consciência, e foi o que me salvou ,se não ainda era uma "porra louca".

Então comecei a lembrar de todas as minhas fases e das crises existenciais que as acompanhavam. Eita foram muitas.Acho que já nasci em crise existencial, mamãe disse que eu era um bebê super chorão, acho que foi minha primeira crise. Depois da adolescencia tive a dos 30 anos que me pegou desprevenida totalmente. Esta crise começou com um pensamento: Nunca pensei que com 30 anos eu ia ser igualzinha , sei lá achava que com 30 anos já ia estar super estabelecida, fazendo altas viagens para o exterior, super bem sucedida, com 3 filhos. Mas ô imaginação fértil. Então me vi aos 30 sem nada disso, foi um terror.

Mas graças a Deus, ele teve compaixão de mim, e me mandou o maior dos presntes, meu filho. Ai deu uma aliviada boa e afinal de contas mal tive tempo de me dedicar a esta crise pois estava muito ocupada com ele e muito feliz também. Pelo menos alguma coisa mudou para melhor nos 30 anos.

Foi ai que a ficha caiu; não estou tão acima das outras mulheres não. Afinal estas crises todas são demais para o mundo masculino, no máximo cada homem na sua vida toda tem uma crise e olhe lá. Alguns nenhuma. Uma quantidade muito pequena, dos homens tem mais de uma crise na vida.

Então comecei a descobrir que sou mais mulher do que imagino. Drogaaaaaaaaaaa. Odeio estas coisas de mulherzinha.

Odeio. Acabo de me descontrolar, êpa, mais mulherzinha do que isso, não existe não. Quero ser um ser pratico e calculista!!!!!!! Socorroooooooooooo.

Se um homem tivesse escutado tal afirmativa que escutei do meu amigo, “você pensa como uma mulher” o maximo que ele teria feito é explicado ao amigo que não era gay.

Mas Já me aceitei (minhas coisas são rápidas, aprendi a aceitar-me como sou, lí polyana). Afinal o que seria dos homens sem a mulheres que são tempero da vida e das mulheres sem os homens pois se não fossem eles quem iríamos temperar???

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

PECADO CAPITAL




Copiado Do Site http://www.bemviver .org/Textos. htm

Pecados capitais

Frei Betto



Todos os pecados capitais, sem exceção, são tidos como virtudes nessa sociedade neoliberal corroída pelo afã consumista.

A inveja é estimulada no anúncio da moça que, agora, possui um carro melhor do que o de seu vizinho. A avareza é o mote das cadernetas de poupança. A cobiça inspira todas as peças publicitárias, do Carnaval a bordo no Caribe ao tênis de grife das crianças. O orgulho é sinal de sucesso dos executivos bem sucedidos, que possuem lindas secretárias e planos de saúde eterna. A preguiça fica por conta das confortáveis sandálias que nos fazem relaxar, cercados de afeto, numa lancha ao Sol. A luxúria é marca registrada da maioria dos clipes publicitários, em que jovens esbeltos e garotas esculturais desfrutam uma vida saudável e feliz ao consumirem bebidas, cigarros, roupas e cosméticos. Enfim, a gula subverte a alimentação infantil na forma de chocolates, refrescos, biscoitos e margarinas, induzindo-nos a crer que sabores são prenúncios de amores.

Há nas tradições religiosas uma sabedoria de vida. Despidos de preconceitos, se refletirmos bem sobre os sete pecados capitais veremos que cada um deles se refere a uma tendência egoísta que traz frustração e infelicidade.

A cobiça nos faz reféns do mercado e dos modismos, atraindo-nos ao buraco negro de irregularidades que, miragens no deserto, nos prometem dinheiro fácil e status de Primeiro Mundo. A avareza ensina a acumular dinheiro mesmo quando ele precisaria ser investido na melhoria de nossa qualidade de vida. Rendimentos passam a ser mais importantes que investimentos, como o caramujo que, por carregar a casa nas costas, se arrasta lento pela vida. A luxúria nasce nos olhos, agita a mente e perturba o coração. O objeto do desejo aliena do amor enquanto projeto, aprisionando- nos no jogo narcísico da sedução. A gula aumenta o colesterol, deforma o corpo e entristece o espírito. O orgulho é a terrível consciência de que queremos parecer o que não somos e, cheios de empáfia, nossa alma trafega apoiada em frágeis muletas. A preguiça traz incapacidade e atiça os devaneios, induzindo a trocar a realidade pela fantasia. A inveja é o espelho de nossa covardia em ser do tamanho que somos, nem maiores nem menores.

O fato é que há um conflito entre o princípio nº 1 da sociedade em que vivemos - ganhar dinheiro - e os valores que sedimentam a existência. Por que a ambição de uma viagem ao exterior não se reflete também no desejo de viajar para dentro de si mesmo? Mundo desconhecido, esse que trazemos no espírito. Mas, como turistas ocasionais, ficamos sem saber qual "agência" pode nos assegurar uma viagem de melhor proveito: a Igreja católica ou o budismo? O candomblé ou o espiritismo?

Deus é mais íntimo a nós do que nós a nós mesmos. Recolher-se ao silêncio interior é sempre um excelente ponto de partida. Para quem nunca fez essa viagem, a partida assusta, porque não nos é dado o roteiro, e a paisagem exterior tenta-nos a abandonar o trem. Se controlarmos "a louca da casa", a imaginação, logo o silêncio interior se faz voz. Então, somos apresentados ao nosso verdadeiro eu, que nos impele ao nós. E experimentamos inefável felicidade.



Fonte: ADITAL



Como é a sua relação com Deus?

É infantil, adolescente ou adulta?





Como é a relação da criança com seus pais, ou com os responsáveis por ela? É da exigência. Isto porque ela necessita de alimento, cuidados e afeto, e são os pais, ou os responsáveis por ela, os seus provedores.

Já na adolescência, sentindo necessidade de auto-afirmação, passa a lutar pelo que entende ser a sua liberdade.

Quando adulta, mais madura, sua relação com os pais passa a ser também mais tranqüila, mantida pelo amor e o respeito e, sempre que necessário, é aos pais que se dirige quando precisa de conselhos ou de colo.

Nossa relação com Deus segue caminhos semelhantes.

Quando somos ainda crianças espirituais, buscamos na religião (que representa o Pai diante de nós) tudo que ela possa nos oferecer, desde bens materiais, saúde, amor, lazer, enfim, tudo que nos apraz vivenciar ou possuir. Em troca, lhe damos fidelidade e obediência.

Já um pouco mais crescidos, nas milenares jornadas do nosso espírito, começamos a nos sentir mais fortes, mais capazes, e acabamos muitas vezes nos afastando da religião ou nos tornando ateus.

Ao amadurecermos mais, no decurso de “N” reencarnações, passamos a perceber a grandeza da vida e do TODO, e então podemos sentir mais profundamente o que significa esse Ser Supremo, o Arquiteto Cósmico, a Causa Primária da Todas as Coisas, que chamamos Deus.

Então a nossa relação com Ele se modifica. Passamos a ter-lhe profundo respeito e admiração e podemos dizer como o filósofo alemão Kant, que viveu no século XVIII, “Duas coisas me enchem a alma de crescente admiração e respeito: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim”.

Assim, com um pouco mais de maturidade espiritual, já podemos perceber que as leis cósmicas estão escritas na nossa consciência e passamos a nos guiar por elas, não por temor a Deus, mas por amor a Ele.

Então deixamos de buscar em Deus e nas religiões aquilo de que necessitamos ou desejamos para nossa vida material, entendendo ser mais correto buscar na religiosidade o alimento que nutre nossa alma.

Mas como vivemos numa dimensão material, inseridos em necessidades dessa natureza, é justo buscarmos também a ajuda do “Pai” quando esta se torna necessária.

Assim numa relação mais adulta temos na religião, ou na religiosidade, a fonte dos sentimentos divinais que nos nutrem de amor, paz e contentamento, e por vezes nos levam a níveis mais elevados de luz, harmonia e encantamento espiritual.

Se a sua relação com Deus é do formato infantil, não se preocupe. Isto é até natural porque somos egressos de uma fase de condicionamentos milenares, que nutriram a nossa fé em épocas ainda infantis da alma humana.

Mas se a sua alma anseia por uma relação mais madura com Deus, comece a refletir sobre estas questões e assim, pouco a pouco, poderá ir se libertando dos muitos condicionamentos, passando a percepções mais claras e mais reais sobre o Grande Arquiteto, a vida, as leis cósmicas e o que somos dentro do TODO.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009



Saber e fazer
José Argemiro da Silveira

de Ribeirão Preto, SP

"Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes" - Jesus (João, 13:17)

A sabedoria popular afirma que "na prática a teoria é diferente". É uma frase um tanto mal elaborada, mas expressa bem o entendimento de que só a teoria não resolve. Na hora de aplicar o conhecimento surgem dificuldades que só serão superadas com o exercício, com a prática. Realmente entre o saber e o fazer há grande diferença. Achamos que sabemos, mas quando vamos fazer nos damos conta de que, na verdade, não sabíamos. A Pedagogia, que é a arte da educação e do ensino, nos esclarece que só aprendemos, verdadeiramente, fazer, fazendo. Ou seja, só podemos dizer que sabemos algo depois que o praticamos, e não, por informações ou teoria. Em outras palavras, só aprendemos a nadar, nadando; aprendemos a tocar um instrumento musical, tocando esse instrumento; aprendemos uma profissão, trabalhando nela. O conhecimento teórico, a informação, é de grande utilidade, mas não basta. Só ele nada resolve. É como a seta que nos indica a direção, a placa de sinalização na estrada que nos informa o roteiro a seguir, para chegarmos ao destino desejado. Ela é importante, mas se ficarmos só com a informação e não realizarmos o trajeto, nada terá valido.

As palavras de Jesus são claras: "Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes". Felizes se as fizermos, se as praticarmos, e não apenas por saber. Que "coisas" são estas? Naturalmente são os ensinos sobre as questões espirituais, sobre como convivermos com o nosso próximo, como nos relacionarmos, enfim como vivermos para alcançar a finalidade de nossa vida que é a evolução espiritual. É o perdão, a tolerância, a solidariedade, a fraternidade, o amor. O Mestre resumiu todos os ensinos em "amar a Deus sobre todas as coisas, e amar o próximo como a nós mesmos". Emmanuel, com a sabedoria que lhe é peculiar, considera que "todas as seitas religiosas, de modo geral, somente ensinam o que constitui o bem. Todas possuem serventuários, crentes e propagandistas, mas os apóstolos de cada uma escasseiam cada vez mais". Apóstolo é o que vive o ensinamento, que exemplifica, que exige de si mesmo, e não dos outros. A advertência de Emmanuel é oportuna, porque, muitas vezes, ficamos empenhados em aprender, em conhecer sempre mais, e queremos divulgar os ensinos, e esquecemos do mais importante que é a sua aplicação. É como se estivéssemos doente, fôssemos ao médico, exames, diagnósticos concluídos; recebemos a receita. Compramos os medicamentos mas os deixamos na prateleira, não os utilizamos. A enfermidade não vai ser debelada, é preciso tomar o medicamento, fazer o tratamento como indicado. E que pensar daquele que fica procurando passar o medicamento para outras pessoas?.. André Luiz nos lembra que não devemos gastar o tempo na tentativa ansiosa de divulgar princípios que nós mesmos não conseguimos, ou não queremos, vivenciar. Nesse caso, falta autoridade ao divulgador, e sua atividade tem um pouco de hipocrisia, porque prega para os outros aquilo que ele não experimenta, não procura aplicar em sua vida.

Alguém poderá dizer: Mas se formos esperar, alguém que vive integralmente os ensinos para poder divulgá-los, não haverá divulgador, porque todos somos imperfeitos. Concordamos, em parte, com o argumento. É claro que somos imperfeitos e que ninguém, ainda, vive, plenamente de acordo com os ensinos, mas não podemos nos acomodar com as nossas imperfeições. Necessário estarmos sempre conscientes de que o valor da palavra, a autoridade do divulgador depende sempre daquilo que ele é, de como ele pensa, sente e age. Paulo já nos alertava que ele podia falar a língua dos Anjos, isto é, ensinar muito bem, com as palavras mais belas possíveis, mas se não tivesse caridade, isto é, se não sentisse amor, solidariedade, interesse pelos ouvintes, seria como um sino.

Há algum tempo ouvíamos a exposição de uma grande educadora. Uma pessoa da assistência perguntou: O que fazer com o aluno que não tem interesse em aprender, que só procura criar dificuldades para o professor na sala de aula, enfim aquele jovem mal comportado que só cria problemas, demonstrando total falta de interesse pelo aprendizado? A educadora, depois de falar em técnicas, em recursos pedagógicos a serem utilizados, concluiu: "O êxito do educador, em último caso, dependerá da sua capacidade de amar, da sua vontade sincera em ajudar o educando".

Acentua Emmanuel: "Há sempre vozes habilitadas a indicar caminhos. É a palavra dos que sabem. Raras criaturas penetram valorosamente a vereda, muita vez em silêncio, abandonadas e incompreendidas. É o esforço supremo dos que fazem. Jesus compreendeu a indecisão dos filhos da Terra e, transmitindo-lhes a palavra da verdade e da vida, fez a exemplificação máxima, através de sacrifícios culminantes."

E mais adiante: "Somente os que concretizam os ensinamentos do Senhor podem ser bem-aventurados. Aí reside, no campo do serviço cristão, a diferença entre a cultura e a prática, entre saber e fazer" 1

1 Emmanuel - do livro "Caminho, Verdade e Vida" - pág. 49

terça-feira, 20 de janeiro de 2009



A Terra
ATerra é um magneto enorme, gigantesco aparelho cósmico em que fazemos, a pleno céu, nossa
viagem evolutiva.
Comboio imenso, a deslocar-se sobre si mesmo e girando em torno do Sol, podemos comparar
as classes sociais que o habitam a grandes vagões de categorias diversas.
De quando em quando, permutamos lugar com os nossos vizinhos e companheiros.
Quem viaja em instalações de luxo volta a conhecer os bancos humildes em carros de condição inferior.
Quem segue nas acomodações singelas, ergue-se, depois, a situações invejáveis, alterando as experiências
que lhe dizem respeito. Temos aí o símbolo das reencarnações.
De corpo em corpo, como quem se utiliza de variadas vestiduras, peregrina o Espírito de existência
em existência, buscando aquisições novas para o tesouro de amor e sabedoria que lhe constituirá divina
garantia no campo da eternidade.
Podemos, ainda, filosoficamente, classificar o Planeta, com mais propriedade, tomando-o por nossa escola
multimilenária.
Há muitos aprendizes que lhe ocupam as instalações, na expectativa inoperante, mas o tempo lhes cobra
caro a ociosidade, separando-os, por fim, de paisagens e criaturas amadas ou relegando-os à paralisia ou
à cristalização, em largos despenhadeiros de sombra.
Outros alunos indagam, dia e noite... e, com as perquirições viciosas, perdem os valores do tempo.
Imaginemos um educandário, em cuja intimidade comparecessem os discípulos de primária iniciação,
exigindo retribuições e homenagens, antes de se confiarem ao estudo das primeiras lições.
O menino bisonho não poderia reclamar esclarecimentos, quanto à congregação que dirige a casa de
ensino onde está recebendo as primeiras letras.
E, ante a grandeza infinita da vida que nos cerca, não passamos de crianças no conhecimento superior.
Vacilamos, tateamos e experimentamos, a fim de aprender e amealhar os recursos do Espírito.
Compete-nos, assim, tão-somente, um direito: – o direito de trabalhar e servir, obedecendo às disciplinas
edificantes que a Sabedoria Perfeita nos oferece, através das variadas circunstâncias em que a nossa vida
se movimenta.
Ninguém se engane, julgando mistificar a Natureza.
O trabalho é divina lei.
Pesquisar indefinidamente, na maioria das vezes é disfarçar a preguiça intelectual.
A vida, porém, é ciosa dos seus segredos e somente responde com segurança aos que lhe batem à porta
com o esforço incessante do trabalhador que deseja para si a coroa resplendente do apostolado no serviço.
Emmanuel
Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro. 10. ed., Rio de
Janeiro: FEB, 1998, cap. 8, p. 39, 40 e 41.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009



(Artigo extraído da revista Reformador/Outubro de 2003)

Agonias da Terra, premissas do Céu!...
Rogério Coelho

“(...) o martírio não é mais do que a casca de um fruto deleitável,
dando coragem e resignação.”
Marcel

A história do sofrimento na Terra começa com a fábula de Adão e Eva no Paraíso, quando,
segundo a letra (que mata) a voz de Deus dirigindo-se a Eva sentenciou:
“(...) Multiplicarei grandemente a tua dor (...)”; e logo a seguir, voltando-se para Adão, proferiu:
“(...) com dor comerás da terra todos os dias da tua vida”.
É evidente que todo esse folclore bíblico, elaborado por Moisés, tinha por finalidade levar às consciências
o sentimento de culpa e a necessidade de repará-la, e o grande legislador desincumbiu-se de tal
tarefa fazendo crer que havia uma culpa universal, originária do primeiro tronco, da qual cada um deveria
empenhar-se em livrar-se. De outra maneira, como aquele povo ignorante poderia compreender que
a perda do paraíso traduzia o degredo de outro sistema planetário onde faliram todos? E como devedores
da Lei Divina fazia-se mister o devido ressarcimento?! Portanto, a alternativa de Moisés foi valer-se da
lenda de Adão e Eva personificando um casal matriz desobediente.
Se ainda hoje existem criaturas totalmente refratárias à verdadeira cosmogonia revelada pelo Espiritismo,
imaginemos no tempo de Moisés!...
Mas, de qualquer forma, estava ali consignada a incontestável realidade da dor e do sofrimento decorrentes
dos humanos equívocos. Mas não somente ali, pois também ao longo de todas as Antigas Escrituras
quanto das Neotestamentárias, podemos flagrar os proscênios de dores e escarcéus, culminando com o
próprio martírio do Cristo, ao qual se seguiram os de Seus discípulos e demais seguidores...
Somente agora, com as luzes da Doutrina Espírita, podemos entender o porquê da dor, e sua função
regeneradora.
Segundo o nobre Mentor Emmanuel: “(...) essa pesada bagagem de sofrimentos constitui os alicerces de
uma vida superior, repleta de paz e alegria. Essas dores representam auxílio de Deus à terra estéril dos corações
humanos. Chegam como adubo divino aos sentimentos das criaturas terrestres, para que de pântanos
desprezados nasçam lírios de esperança. (...) Cristo (...) reservou trabalhos e sacrifícios aos companheiros amados, para que se não perdessem na ilusão e chegassem à vida real com valioso patrimônio de estáveis edificações.
Eis por que a alegria cristã não consta de prazeres da inconsciência, mas da sublime certeza de que todas
as dores são caminhos para júbilos imortais.”
Léon Denis, o notável continuador de Kardec, ensina:
“A todos aqueles que perguntam: Para que serve a dor? respondo: Para polir a pedra, esculpir o mármore, fundir o vidro, martelar o ferro. Serve para edificar e ornar o templo magnífico, cheio de raios, de vibrações, de hinos, de perfumes, onde se combinam todas as artes para exprimirem o divino, prepararem a apoteose do pensamento consciente, celebrarem a libertação do Espírito! (P. 382.)
Na oficina augusta, onde se forjam as almas, não são suficientes o gênio e a glória para fazê-las verdadeiramente
formosas. Para dar-lhes o último traço sublime tem sido sempre necessária a dor. Se certas existências se tornaram, de obscuras que eram, tão santas e sagradas como dedicações célebres, é que nelas foi contínuo o sofrimento (...). (P.
377.) [Chico Xavier que o diga.]
(...) Na Terra será simultaneamente físico e moral e constituirá um modo de reparação; mergulhará o culpado em suas chamas para purificá-lo; tornará a forjar a alma, deformada pelo mal, na bigorna das provas. Assim, cada um de nós pode ou poderá apagar seu passado, as tristes páginas do princípio da sua história, as faltas graves cometidas
quando era apenas Espírito ignorante ou arrebatado.
Pelo sofrimento aprendemos a humildade, ao mesmo tempo que a indulgência e a compaixão para com todos
os que sucumbem em volta de nós sob o impulso dos instintos inferiores, como tantas vezes nos sucedeu a nós
mesmos outrora (p. 384).
Por muito tempo ainda a Humanidade terrestre, ignorante das leis superiores, inconsciente do futuro e do dever, precisará da dor para estimulá-la na sua via, para transformar o que nela predomina, os instintos primitivos
e grosseiros, em sentimentos puros e generosos. Por muito tempo terá o homem de passar pela iniciação
amarga para chegar ao conhecimento de si mesmo e do alvo a que deve mirar. (...) a dor persistirá,
enquanto o egoísmo e o interesse regerem as sociedades terrestres, enquanto o pensamento se
desviar das coisas profundas, enquanto a flor da alma não tiver desabrochado (p. 385).
Se, nas horas da provação, soubéssemos observar o trabalho interno, a ação misteriosa da dor em nós,
em nosso “eu”, em nossa consciência, compreenderíamos melhor sua obra sublime de educação e aperfeiçoamento
(...). (P. 379, grifo do autor.)
Aprende a sofrer. Não te direi: procura a dor. Mas, quando ela se erguer inevitável em teu caminho, acolhe-a como uma amiga. Aprende a conhecê-la, a apreciar-lhe a beleza austera, a entender-lhe os secretos ensinamentos. Estuda-lhe a obra oculta. Em vez de te revoltares contra ela ou, então, de ficares acabrunhado, inerte e fraco debaixo de sua ação, associa tua vontade, teu pensamento ao alvo que ela visa, procura tirar dela, em sua passagem
por tua vida, todo o proveito que ela pode oferecer ao espírito e ao coração.
(...) A Harmonia e a Beleza são leis universais e, nesse conjunto, a Dor tem o seu papel estético. Seria pueril enraivecermo-nos contra este elemento necessário à beleza do mundo. Exaltemo-la antes, com vistas
e esperanças mais elevadas!
Vejamos nela o remédio para todos os vícios, para todas as decadências, para todas as quedas!” (P. 399.)
A notável psiquiatra suíça, naturalizada norte-americana, Drª. Elisabeth Kübler- -Ross, afirma com propriedade
e sabedoria: “Todas as penúrias que sofremos na Vida, todas as tribulações e pesadelos, todas as coisas que poderíamos considerar castigos de Deus, são na realidade, presentes. São a oportunidade de crescer, que é a única finalidade da Vida. Se cobríssemos os desfiladeiros para protegê-los dos vendavais, jamais veríamos a beleza de suas formas.”
Assim, embora estando todos nós à mercê das procelas da Vida, a Doutrina Espírita oferece-nos “a claridade matinal
que toca a despertar” através do conhecimento e do amor, mas muitas criaturas só acordam com o doloroso
e às vezes cruento impositivo da dor.

sábado, 17 de janeiro de 2009

O IDEAL E O POSSÍVEL



O ideal e o possível
Alexandre Gomes

O conceito de Ética em Sócrates, Platão e Aristóteles
"Se imaginais que, matando homens, evitareis que alguém vos repreenda a má vida, estais enganados; essa não é uma forma de libertação, nem é inteiramente eficaz, nem honrosa; esta outra, sim, é mais honrosa e mais fácil: em vez de tampar a boca dos outros, preparar-se para ser o melhor possível." (Palavras atribuídas a Sócrates por Platão, ao final do seu julgamento)

Sumário
Introdução *
Defina seus termos *
A sociedade perfeita *
O caminho do meio *
Conclusão *
Bibliografia *
Introdução
Ascensão e queda da filosofia grega

Uma pergunta que irá ocorrer a qualquer um que estude a história da filosofia grega será porque ela atinge seu esplendor teórico justamente no momento de sua decadência material. Sócrates, Platão e Aristóteles vivem justamente no momento que a sociedade grega em geral, e a ateniense em particular, vive seu ponto mais baixo cuja culminação será a unificação e dominação dos helenos pelos macedônios de Filipe e Alexandre.

De uma forma geral eles vivem o momento de maior desagregação interna, de dominação da política pelos demagogos, pela decadência dos velhos modos de vida, da superação da riqueza intelectual pela material. Ainda assim refletem sobre as mais altas virtudes humanas e vêem a felicidade justamente na bondade, conceito que unifica as três noções de ética, ainda que divergindo sobre o significado da eudaimonia – a felicidade derivada da harmonia entre os componentes da alma.

Há um aspecto necessário a ser compreendido nesta noção dos três filósofos serem o canto do cisne da filosofia grega. Seus antecessores e adversários não são conhecidos a não ser por fragmentos, em geral recolhidos e comentados por seus detratores, assim não há como asseverar que Sócrates e seus dois discípulos sejam tão superiores aos que os antecederam.

A filosofia que antecede aos sofistas é marcada por uma compreensão da identidade entre ser humano e ser cidadão tão profunda que a hipótese de uma dissociação entre o bem individual e o bem comum sequer é formulada, é entendida como dado da realidade e premissa básica de qualquer reflexão sobre o ser humano. Da noção de um "Império da Lei" e não de reis, deuses e sacerdotes deriva a maior parte da originalidade do pensamento grego, ainda que raramente seja motivo da apreensão dos filósofos.

O que se busca então é no máximo mecanismos que possam aprimorar as leis, avaliar entre as possíveis alternativas qual seria a mais racional – portanto melhor – para a consecução deste Império da Lei. As primeiras reflexões de natureza ética que surgem neste período, especialmente Pitágoras, não visam senão ao esforço de avaliar como poderiam ser julgadas as alternativas postas de forma perfeitamente racional.

Mas o dinamismo da sociedade grega acaba trazendo em si um novo mundo que iria aos poucos se infiltrar no antigo, voltar contra si mesmos os princípios tanto da democracia quanto da filosofia. Este processo começa com os conflitos da crescente camada de comerciantes enriquecidos contra as velhas aristocracias – cuja base do poder era de um lado a tradição e de outro a propriedade fundiária – e termina com a ascensão dos tiranos – magnatas que se postulam defensores das camadas mais pobres da população.

Marco significativo neste processo será a constituição de um imperialismo ateniense disfarçado em aliança político-militar na chamada Liga de Delos, constituída inicialmente como estratégia defensiva contra a invasão persa, mas que os atenienses relutam em dissolver após a vitória contra os Aquemenidas. O domínio imperial de Atenas garante à cidade as fontes tanto de seu supremo desenvolvimento como o embrião da sua decadência.

Ao canalizar para a cidade vultoso volume de recursos, o imperialismo garante um esplendor em todas as artes. É o período dos grandes monumentos, do supremo desenvolvimento da escultura, da mais ampla extensão da democracia que chega à sofisticação de pagar uma contribuição a todos os cidadãos que compareçam às Assembléias, como absoluta garantia do direito a todos a participar das decisões da cidade. É também o momento no qual os sábios de todo o mundo helênico – da Ásia Menor à Calábria, então chamada de Magna Grécia – convergem à Atenas na busca tanto de um ambiente de efervescência cultural como de patronos, os mecenas.

Mas este crescimento tem um preço amargo a ser pago. O crescimento das desigualdades sociais gera crescentes conflitos, a extensão da democracia estimula o florescimento e domínio da demagogia, o necessidade de justificação do Imperialismo rompe com as velhas noções de Império da lei e igualdade dos homens. Por fim gera a reação dos dominados, liderados pela oligarquica cidade de Esparta que leva ao fim da Liga de Delos e a restauração – ainda que temporária – da oligarquia ateniense.

O fruto filosófico deste período atribulado são os sofistas, geralmente acusados de seus adversários de destacar o conhecimento de sua base moral, ensinando que qualquer discussão poderia ser vencida desde que utilizados os meios corretos. Ainda que esta visão possa ser mero exagero dos seus comentadores – e é a partir deles que os conhecemos – há uma certa lógica entre a evolução econômica e política dos gregos e a atribuição de "valor instrumental" ao velho conhecimento grego de natureza especulativa.

Independente das críticas aos sofistas serem tendenciosas ou honestas, há nelas um componente novo, inusitado, crítico: o relativismo moral. Da velha identidade entre a felicidade individual e o bem comum da sociedade grega se chegará, através dos sofistas, a uma situação na qual tanto o primeiro como o segundo tornam-se relativos, não universais ou divinamente inspirados.

O pensamento sofista não deixa de ser um ataque à hipocrisia ateniense no qual os velhos valores não são mais evocados senão como uma justificativa da dominação de Atenas sobre outros Estados, dos ricos demagogos sobre os velhos idéia da democracia, da escravidão e da plutocracia na qual a sociedade grega havia se transformado. A noção de "o homem é a medida de todas as coisas", de Protágoras é sobretudo uma contestação da própria essência da legitimidade do Estado grego, firmada já não mais numa profunda consciência do Império da Lei, mas simplesmente em um amontoado de convenções sociais habilmente manipuladas pelos ricos.

O cerne desta estrutura de legitimação é trazida à luz por Trasimaco, para qual a justiça e outros conceitos derivados da lei não eram senão ferramentas para que os fortes submetesse e dominassem os fracos. Conceitos deste tipo iam contra todos valores da sociedade grega, transformavam o velho respeito ao "Império da lei" em mera hipocrisia, o velho sentimento de missão e superioridade gregos em vaga justificativa da escravidão. Eram, portanto, noções perigosas demais para não serem respondidas, ainda que a resposta não pudesse deixar de se tornar ela própria um tapa no rosto da hipocrisia dominante.

É nesse contexto de decadência e crise moral que os esforços intelectuais de Sócrates, Platão e Aristóteles devem ser entendidos. Quando se enxerga a questão por este prisma, o fato de Sócrates ter "inventado" a Ética revela não o surgimento de uma nova ordem, mas antes a necessidade de se refletir, sistematizar e defender conceitos que antes eram dados como automáticos, em especial quanto à essência da ética, ou seja, as relações entre o bem comum e a felicidade individual.

Defina seus termos
Sócrates e a crença que basta saber o que é a bondade para ser bom

O pressuposto básico da Ética de Sócrates – que basta saber o que é bondade para que se seja bom - pode parecer ingênuo no mundo de hoje, no qual já está profundamente gravado na nossa mente que só algum grau de coerção é capaz de evitar que o homem seja mau. Na sua época era uma noção perfeitamente coerente com o pensamento – ainda que não com a prática – da sociedade grega.

Antes dele não teria havido uma reflexão organizada sobre a ética e o "homem moral" a não ser o relativismo dos sofistas, neste sentido é inegável que ele é o "Pai da Ética. Contudo é preciso ponderar que desde períodos mais antigos havia uma identidade perfeita entre o bem comum e o bem individual tão arraigada na mente grega que talvez tal reflexão não fosse necessária ou sequer capaz de ser concebida. Só a dissociação de ambas na decadência grega é que teriam, pela primeira vez, postulado a necessidade de alguma teoria que explicasse esta dualidade.

Ao contrário da posição de Will Durant, portanto, só a decadência dos gregos, a dissolução entre uma teoria que concebia a identidade entre o homem e o cidadão e uma prática na qual os valores morais significam pouco – cujo resultado é a hipocrisia denunciada pelos sofistas – é que tornaria Sócrates necessário.

É com os sofistas que Sócrates dialoga, em um esforço para refutar seu relativismo moral cuja validação, sabe ele, significaria o fim do "espírito grego". O grande mérito de Sócrates é enfrentar de forma virulenta a hipocrisia da sociedade ateniense cuja resposta aos sofistas era apenas a reafirmação insincera dos velhos valores. Sócrates defende a identidade entre os interesses individuais e os comunitários como único caminho para a felicidade, o que implica na valorização da bondade, da moderação dos apetites, na busca do conhecimento.

Como se explicaria, então, a dissociação real de ambos, se ao homem, como afirma Sócrates, basta saber o que é bom para que ele seja bom?

Os sofistas responderam a esta questão considerando que a Ética era mera convenção social, Sócrates os refuta, afirmando que a aparente dissociação se dá justamente porque os homens não sabem o que realmente é a bondade. Esta noção perdida em meio à vaidade e a hipocrisia dominante cegaria o homem que ao invés de lutar por objetivos reais confunde-se na névoa das convenções sociais. Já se sente aqui o embrião da noção que Platão consolidará e generalizará na sua Alegoria da Caverna.

Assim ao mesmo tempo Sócrates busca uma volta às velhas tradições da Cidadania, mas para isto precisa voltar-se contra estas próprias tradições. Ele aceita os princípios gerais definidos por aquelas tradições, mas apenas como um conceito, uma categoria a ser investigada pela mente humana, rejeitando tanto a forma pela qual estes valores são apreendidos como o conteúdo usualmente atribuído a eles.

Assim ele ao mesmo tempo se contrapõe aos sofistas e aos tradicionalistas, aos primeiros por negarem uma realidade objetiva e universal aos valores éticos, aos segundos por não serem capazes de compreender a essência destes valores. Ele próprio pensa na Ética não como uma especulação abstrata, mas como uma força transformadora, capaz de trazer a felicidade a ambos, Sociedade e Indivíduo – aliás a única forma de se obter esta felicidade.

À questão sobre o que é a Justiça – para dar um exemplo prático desta dupla oposição de Sócrates – os sofistas dizem que ela é a convenção estabelecida pelo mais forte para dominar o mais fraco, os tradicionalistas a entendem como o conjunto das instituições eu definem o "Império da Lei". Sócrates diz que ambos estão certos e errados ao mesmo tempo. Os sofistas não estão errados porque a descrição deles corresponde ao estado de coisas na época, os tradicionalistas também não estão errados porque o princípio que teoricamente rege aquelas instituições seriam aqueles elevados valores da cidadania.

Mas ambos estão errados, porque a deterioração da justiça não significa que não exista objetivamente uma Justiça e que esta não seja uma meta a ser alcançada – ao contrário do que pensam os sofistas – e porque o que as pessoas entendem como justiça não é justiça de fato, apenas uma visão distorcida daquele conceito – ao contrário do que dizem os tradicionalistas. O problema ético, para Sócrates, é sobretudo uma questão de definição de termos.

Como chegar a estes valores absolutos que guiariam o homem? Sócrates não dá uma resposta absoluta, antes propõe um método para se chegar a resposta, demolindo as visões correntes, mostrando quão ilusórias eram as certezas, abalando as convicções arraigadas através de questionamentos implacáveis. Sócrates é um perguntador, disposto a arrancar as pessoas da vã certeza vaidosa na qual se encontram para fazê-las mergulhar mais profundamente em suas consciências em busca de respostas.

A elas ele não oferece nenhuma resposta, apenas a esperança que ao fim haverá respostas definitivas, mas que estas não podem ser compreendidas sem provocar uma mudança do próprio homem. A mais profunda garantia da sua ética é justamente este potencial auto-reconstrutivo da verdade quando vista sem os véus das aparências e vaidades, um conhecimento capaz de por si só, tornar o homem mais sábio e melhor.

A própria ausência de respostas em Sócrates é certamente parte deste método, ele teme que se der respostas aquela verdade acabará se cristalizando com o tempo e se transformando ela própria em mera convenção. O caminho teria de ser trilhado por cada um, enquanto indivíduo e ao mestre não caberia indicar o caminho, apenas advertir contra os atalhos perigosos.

Mas seus discípulos Platão e Aristóteles nem sempre serão capazes de compreender esta lição maior de seu mestre. Cada um deles irá interpretar a reflexão sobre os homens, a Moral e a Ética que Sócrates teve o mérito de trazer à baila como objeto de estudo segundo seus ideais de uma Cidade moralmente perfeita na qual houvesse uma harmonia entre os diversos interesses individuais e coletivos. E ambos dão respostas diametralmente opostas...

A sociedade perfeita
Platão e a necessidade de construir a "Cidade Perfeita" guiada pela ética

A resposta de Platão à necessidade de se resgatar o velho sentido da Ética, da Justiça e da Moral, perdidos durante o período de crescimento e enriquecimento de Atenas, contaminados pela hipocrisia, é a "volta a uma sociedade mais simples". Mas não uma volta ao passado real, antes a um passado imaginário situado em algum lugar no futuro no qual os velhos valores – renovados a partir das indagações e críticas de Sócrates – possam orientar uma sociedade estável que tende à perfeição.

Assim à dissociação entre o mundo real e os valores éticos Platão contrapõe a necessidade de uma reconstrução da sociedade segundo estes valores, por mais radical que ela possa parecer. O eixo da ampla reforma sugerida por Platão para construir a sociedade perfeita é a substituição da plutocracia que reinava na Atenas Imperial dos mercadores por uma "timocracia do espírito" na qual os governantes seriam os melhores dentre os homens de seu tempo em termos de conhecimento e sabedoria.

Mas as implicações da utopia platônica não param por aí. É necessário limitar ao mínimo a propriedade, tornar-se vegetariano – como proposto por Pitágoras – e até extinguir as unidades familiares de forma a garantir que todos se sintam irmãos de fato porque criados pelo Estado, não por famílias. Ele não se propõe a eliminar os mercadores e agricultores, mas limitar-lhes a ação e, sobretudo, privar-lhes por completo do poder político. A eles não seria imposta a dura disciplina da posse em comum das mulheres, das dietas e exercícios rigorosos, mas exige-se obediência à lei dura e às ordens dos Guardiães, a elite dirigente concebida por Platão

Sobre estes Guardiães pesa tal grau de regras e responsabilidades que a escolha deixa de ser um privilégio para tornar-se um sacrifício, só concebível para aqueles que conseguem realmente compreender que a eudaimonia exige perfeita identidade entre o bem comum e a satisfação pessoal. Insatisfeito com os rumos da democracia, Platão concebe um sistema de governo no qual a educação universal – rígida e valorizada – serve tanto como elemento selecionador de quais elementos entrarão na classe dos Guardiães, como elemento da formação destes guardiães.

Esta noção em certa medida vem das inúmeras ocasiões nas quais Sócrates deplorou a pouca preparação intelectual dos dirigentes, clamando que era incompreensível que para as tarefas mais triviais se exigisse preparação, mas que aos governantes bastava serem capazes de conduzir pela demagogia ou pela compra de votos à massa dos atenienses. Platão sabe que a disciplina extrema que prega a seus guardiães – paradoxalmente tão próxima dos grandes adversários dos atenienses, os espartanos – não pode ser estendida a toda a sociedade, mas a considera essencial à existência de um princípio ético de fato que guie o conjunto da sociedade.

No pensamento de Platão, portanto, o reencontro da ética e da realidade se dá através de uma grande reforma social, política e econômica que torne a cidade mais simples, mais desligada dos valores materiais, mais igualitária. A preservação desta nova cidade só poderia ser feita se o poder fosse centralizado neste estrato dominante dos guardiães para os quais a simplicidade e a privação – bem como a educação – deveriam ser ainda mais rígidos.

Estes homens, escolhidos por seus méritos, praticaram a harmonia completa do verdadeiro sentimento ético, sacrificando a si próprios em detrimento do bem comum sem outra recompensa senão a gratidão de seus súditos. Homens de vontade férrea não teriam famílias nem posses e viveriam numa fraternidade na qual não existiria espaço para a hipocrisia ou a vaidade.

Até que ponto as concepções de Platão são as de Sócrates, em nome de quem o discípulo fala em seus diálogos – cujos oponentes usuais são geralmente os sofistas – é uma questão ainda não esclarecida. A crítica textual em geral considera que os primeiros diálogos seriam mais fiéis às palavras de Sócrates, enquanto os últimos já contém interpolações platônicas demais para serem considerados como fruto de outra autoria que não a do próprio Platão.

Ainda assim a concepção essencial da ética de Sócrates – segundo a qual basta saber o que é a bondade para ser bom – é também a concepção de Platão, mas com duas diferenças básicas. Sócrates jamais exprimiu de forma objetiva o que ele entendia como bondade, deu apenas definições negativas do conceito demonstrando o caráter superficial deste e outros conceitos em sua época.

Platão por sua vez define esta bondade como sendo a Idéia Geral de bondade, seu conceito mais abstrato cuja sombra era as noções cotidianas da bondade. Para descobrir o que era a Bondade, portanto, seria necessário afastar esta sombra refletida pelas convenções para chegar à noção em si da bondade. A segunda diferença é que ao propor sua utopia, Platão esforça-se se não para definir este conceito absoluto de bondade, ao menos para definir como seria uma sociedade na qual ela poderia prosperar.

A noção desta Idéia Geral da bondade é exposta no debate em torno do Anel de Giges, que permitiria ao seu proprietário tornar-se invisível – e as similaridades com o conto de H.G. Wells no século XX não é mera coincidência. A questão debatida é se uma pessoa que pode se tornar invisível, portanto está além do alcance de qualquer atitude coercitiva para praticar o bem, ainda assim seria boa.

Para Platão, uma pessoa que conheça a essência da bondade sabe que só pode ser feliz se agir corretamente e assim a posse do anel não fará diferença para ela. Mesmo intocável pelo longo braço da lei este indivíduo que detém o conhecimento não se sentiria tentado a agir de forma diferente.

O caminho do meio
Aristóteles e a moderação das paixões como caminho da felicidade

Enquanto Platão sonha com uma sociedade ideal na qual não praticar o bem torna-se uma impossibilidade tal a extensão das instituições que eliminam a vida privada, Aristóteles propõe o que, de certa forma, pode ser compreendido como um caminho contrário. Para ele a Lei deve ser capaz de compreender as limitações do ser humano, aproveitar-se das suas paixões e instintos, e produzir instituições que promovam o bem e reprimam o mal.

Assim se para Platão a Lei deve moldar o real, para Aristóteles o real deve moldar a Lei, única forma de seu cumprimento ser possível a todos. A exposição destes conceitos na Ética de Aristóteles parece estar diretamente dirigida contra a Utopia platônica que, na visão de Aristóteles, está condenada ao fracasso porque não respeita os impulsos do homem, seus apetites e paixões.

Mas esta visão não pode ser entendida como uma ausência de princípios éticos fortes ou a abstenção de promover o Bem – que Aristóteles entende também como uma aspiração do ser humano capaz de conciliar o interesse individual e o comunitário. Pelo contrário, ele propõe um controle estrito sobre as paixões, com a diferença que ele deriva delas tanto as virtudes quanto os vícios, ao contrário de seus mestres predecessores.

A essência da virtude seria, então, a moderação entre os extremos de cada paixão, a Regra Dourada do caminho do meio entre a indulgência absoluta e a privação absoluta. Assim a verdadeira definição de coragem estaria entre a covardia e a bravata itimorata, a amizade entre a subserviência e a insolência. É evidente o vínculo com os múltiplos questionamentos de Sócrates sobre as essências dos valores morais, bem como com a noção das Idéias Gerais de Platão.

Mas se há uma continuidade há igualmente uma ruptura nesta nova noção. A mais significativa dela é a existência de uma resposta objetiva àquilo que Sócrates recusou-se a responder e Platão respondeu de forma abstrata e filosófica. Aristóteles está preocupado em termos de Ética – como no restante da sua filosofia – em encontrar regras claras que possam ser conhecidas, rotuladas, catalogadas.

Ele também não está preocupado em uma utopia mirabolante, mas em construir uma sociedade com os homens que estão disponíveis, não com super-homens idealizados, assim tenta construir uma visão de ética que seja capaz de atender à maioria. A despeito disto traça uma visão aristocrática da sociedade na qual os méritos de forma alguma equivalem e no qual os homens estão classificados segundo níveis bastante objetivos – do ponto de vista dele – que faz com que alguns sejam senhores e outros escravos.

A justificativa deste sistema que racionaliza a escravidão e imagina um continuum do mineral ao homem – cujo tipo mais elevado seria o filósofo – seria o pressuposto de que todos os seres foram criados com uma finalidade em um projeto bem definido de universo ao qual os teólogos cristãos medievais designarão de Summus Boni – O Bem Supremo.

A atribuição do homem, para ele, seria o pensamento racional, característica que o distinguiria do animal. Assim se tem um homem ideal que é puro pensamento especulativo e racional e portanto se concretiza no filósofo. Os gregos, dentre todos os povos, teriam mais consciência desta importância da racionalidade e portanto se justifica a escravidão dos bárbaros cujo nível está mais próximo dos animais irracionais.

Só através da concretização desta "finalidade racional", crê Aristóteles, o homem poderia atingir a Eudaimonia, a felicidade da harmonia interior. Há nesta consideração uma ruptura radical com os predecessores já que para o macedônio a finalidade da Ética já não será mais o Bem por si mesmo, mas o Bem enquanto elemento que leva à Felicidade, objetivo principal do homem.

Aristóteles distingue entre dois tipos de Bem, entre o que é Instrumental e o que é Intrínseco. Os primeiros são bons porque levam à Bondade, enquanto os segundos são bons por si mesmos. Assim o conhecimento também é dividido entre o conhecimento prático e teórico, o primeiro sendo o conhecimento de como agir corretamente e o segundo o conhecimento do que é bom por si mesmo.

Conclusão
Continuidades e rupturas nas três Éticas

Há elos que ligam os conceitos de Ética defendidos por Sócrates – a noção que basta saber o que é o Bem para praticá-lo – por Platão – segundo o qual é essencial conhecer a Idéia Geral do Bem – e por Aristóteles – para quem o Bem equivale à moderação das paixões. Todos os três estabelecem como fonte da Ética a noção que a Felicidade – entendida no sentido mais amplo da eudaimonia – era a recompensa dos virtuosos.

Este conceito é consistente com a hipótese apresentada na Introdução de que a decadência moral de Atenas – fruto da substituição de uma sociedade tradicional por outra de natureza mercantil – havia dissociado o bem individual do bem coletivo tornando necessária uma construção que estabelecesse de novo parâmetros capazes de harmonizar os dois conceitos. Não é por outro motivo que os três filósofos dialogam principalmente com os sofistas, responsáveis pela outra resposta a esta questão – segundo a qual todo princípio ético e moral era mera convenção, desprovida de significado em si.

Os três autores buscarão então constituir uma Teoria Ética que parte das premissas que, de um lado, existe uma Ética objetiva e de outro que o homem só pode ser feliz se seguir estes princípios. O tratamento dado ao tema, contudo, varia em cada autor pela interação destas premissas gerais com a teoria mais geral segundo cada um deles interpreta o mundo.

Sócrates tem o mérito de introduzir a discussão sobre o homem na Filosofia de forma sistemática, defendendo a posição que mais do que as forças da natureza, o homem deveria ser o objeto das reflexões. Ainda que, como foi visto, esta reflexão tenha sido impulsionada por necessidades bastante concretas – em especial de responder aos sofistas – isto não lhe retira o mérito de trazer o cidadão ao centro do debate.

A essência da Ética Socrática é o poder libertador do verdadeiro conhecimento confrontado com a hipocrisia. É através deste conhecimento, crê Sócrates, que cada indivíduo é capaz de um dia chegar à compreensão do que é o Bem, conhecimento que por si só tem efeito transformador tanto de quem o adquire como da sociedade na qual ele vive.

Note-se que a genialidade de Sócrates está em produzir uma resposta aos sofistas mas que também enfrenta os tradicionalistas – oposição que se reflete nos dois grupos de acusação que levam ao julgamento do sábio. Por detrás deste ataque em duas frentes está a percepção que os velhos valores não podem ser restaurados sem que impere esta hipocrisia que ele tanto condena, é preciso, isto sim, constituir novos valores objetivos para além das convenções.

Partindo dos mesmos pressupostos de Sócrates, Platão avança no sentido de buscar uma definição concreta para esta Ética objetiva, definindo aquilo que Sócrates não ousou definir. Seu conceito de que seria a Idéia geral de Bem que precisava ser buscada é uma reconstrução adequada à sua noção deste mundo como um reflexo do Mundo das Idéias, acessível apenas aos dotados de um raciocínio filosófico avançado.

Deste conceito ele extrai tanto a necessidade de uma classe de Guardiães – dirigentes absolutos escolhidos pelo mérito e mantido puros por uma rotina ascética desligada dos interesses materiais – como um projeto de sociedade destinada a exercer o maior grau possível de controle sobre os cidadãos. Ao mesmo tempo que ele advoga que alguns indivíduos seriam bons mesmo sem a coação – como na discussão com os sofistas sobre o Anel de Giges – proclama a necessidade de uma estrutura social no qual a vida privada está limitada ao mínimo – ou a nada no caso dos Guardiães que tem todas as atividades em comum.

A dualidade entre o bem comum e o bem individual – essência da Ética – torna-se, com Aristóteles, totalmente descolada. Enquanto Platão advoga uma sociedade ideal na qual os dois conjuntos de interesses são mantidos juntos à força, Aristóteles tenta pensar uma sociedade na qual as instituições – baseadas numa análise das paixões humanas – tentam harmonizar estes sentimentos básicos dos seres humanos de forma a produzir o melhor resultado possível.

Em outras palavras, enquanto Sócrates formula o problema, Platão tenta criar uma Ética Ideal que molde os homens a viver na virtude, enquanto Aristóteles busca uma Ética do Possível, que não desrespeite a paixões humanas – ignoradas por Platão para quem o homem é uma tabula rasa na qual qualquer coisa pode ser escrita – mas antes as oriente pelo caminho da ponderação até a maturidade racional do equilíbrio.

Bibliografia
Abrão, Bernardete S. História da Filosofia, Coleção Os Pensadores, Nova Cultural, São Paulo, 1999.
ARENDT, Hanna, Condição Humana. Trad. Celso Lafer. Florence, Editora Universitária (USP)
ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco in Aristóteles– Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
BEAVERS, Anthony & PLANEAUX, Cristhopher. Exploring Plato's Dialogues. On-line: http://plato.evansville.edu/life.htm, 20/11/99.
Bunnin, Nicholas & Tsui-James, E.P. Glossary of Philosophical Terms. On-line: http://www.blackwellpublishers.co.uk/PHILOS/philglos.htm, 19/11/99.
CHATELET, François. História da Filosofia. Rio de Janeiro: Ed. Zahar.
CHAUÍ, Marilena et alii. Primeira Filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1985.
DURANT, Will – A História da Filosofia, Coleção Os Pensadores, São Paulo, Nova Cultural, 1996.
Encyclopedia Britannica, on-line: www.britannica.com . 18/11/99.
INDEFINIDO, Lectures in Pilosophy, on-line: http://www-philosophy.ucdavis.edu/-phi001/soclec.htm, 20/11/99
PLATÃO, A República, Editora Calouste Gulbenkian.
________, O Julgamento de Sócrates, in Sócrates, Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

domingo, 11 de janeiro de 2009


Amigos(as),
Interessantes estes artigos sobre a Internet e o Espiritismo, escritos há mais de dez anos atrás,...Gostei muito e resolvi compartilhar....
Beijossssssss!

Sobre o Espiritismo e a Internet
Sérgio e Carlos Alberto Iglesia Bernardo

Diante do comentário do David, fica-nos claro que a Internet pode ter um papel muito importante na divulgação do Espiritismo. E relembrando a frase de Emmanuel: "A maior caridade que podemos fazer pelo Espiritismo é divulgá-lo". Sentimos que quando uma instituição espírita, um espírita ou mesmo um simpatizante toma a decisão de criar uma pagina sobre espiritismo, uma lista de discussão, um lista de distribuição, um 'chat' etc., esta decisão é divulgação e portanto caridade.

A questão levantada pelo Jacques (boletim 276) a respeito da frieza de um computador é pertinente, pois passado o entusiasmo inicial de quando nos ligamos a internet, logo caímos no 'mesmismo' ou seja na rotina e podemos passar a ver o material sobre Espiritismo encontrado na Net como repetitivo e sem novidades. Sobre este assunto recomendamos vivamente a leitura do texto "O espelho dos espíritas" de Luiz Signates e a entrevista com o autor, ambos publicados no boletim no. 278.

Mas a rotina não parece ser o principal problema, mas sim a falta de contato pessoal entre as pessoas que utilizam a internet e reúnem-se em torno de um determinado assunto (no caso o Espiritismo). Esta falta de contato (o chamado calor humano) leva-nos a pensar que o computador é um meio frio, ou seja, sem reações. O que não necessariamente é verdade, porque o computador é somente um meio do qual os homens se servem, e portanto cabe aos homens a tarefa de "bem utilizar, humanizar" o meio. Fazendo uma analogia (e respeitada as devidas proporções):

a. Um computador pode ser visto como um médium: recebemos mensagens através dele, sem que vejamos quem enviou a mensagem.

b. Como 'médium' tem um grau de interferência infinitamente menor que o médium humano, transmitindo assim mais fielmente as mensagens.

c. é necessário analisar as 'mensagens' que recebemos, pois se queremos conhecer a pessoa que nos escreve, necessitamos analisar o seu conteúdo (tal como Kardec fez),

d. é claro que através do computador não e possível receber um abraço amigo ou mesmo um afago, mas podemos receber uma palavra amiga, que alias já recebemos tantas vezes pelo telefone.

e. A tecnologia informática tem evoluído muito, e em breve já deveremos ter comunicações audiovisuais através do computador, o que sem duvida vai aproximar mais ainda as pessoas.

O atual momento "tecnológico" proporciona os itens a, b e c, temos duvidas de que o item d será um dia atingido, pelo menos considerando o conceito atual de "calor humano", e pensamos que o item e vai mudar muita coisa em torno da divulgação espírita na Internet.

O Espiritismo na internet tem acompanhado as fases que a própria Internet vive. Como tecnologia nova as suas potencialidades e os seus objetivos são ainda desconhecidos. Porem sentimos intuitivamente que ela vai crescer cada dia mais. Alguns continuam a pensar: a internet é ainda para elites. Sim, isto e verdade no atual momento, mas será no futuro? Cremos que não. No futuro ter internet em casa será tão comum com ter uma TV, um radio ou mesmo um telefone.

O desconhecimento das potencialidades em torno da internet tem levado a grande maioria das pessoas que querem disponibilizar material na internet a comportarem-se da seguinte forma:

1o. Disponibilizar o material,

2o. Somente depois refletir o porque disponibilizar e qual a melhor forma de fazê-lo.

O divulgação espírita na internet (com exceções), tem-se comportado de uma maneira semelhante. Mas com o amadurecimento da internet esta divulgação espírita vai amadurecer também, questionando a finalidade das informações disponíveis.

O movimento espírita (na internet e fora dela) tem discutido a questão da divulgação espírita na internet. A discussão esta centrada em dois pontos:

1 - deve o Espiritismo estar na internet? (em particular: deve o meu centro colocar uma pagina WWW na internet, ou ter um e-mail?)

2 - quem deve fazer a divulgação do Espiritismo na Internet? Centros, federações, espíritas ou simpatizantes?

Respondendo a questão 1, se a internet é um imenso meio para divulgação, divulgar o espiritismo neste meio e caridade (tal como nos diz Emmanuel). Fazendo uma analogia na qual consideramos a internet como uma imensa biblioteca, alias a grande biblioteca do conhecimento humano, será que os livros espíritas não fazem parte do conhecimento humano e portanto devem ficar fora da biblioteca?

Respondendo a questão 2, pensamos que todos tem o direito a divulgar o Espiritismo na internet, pois duas razoes: (1) o Espiritismo e uma doutrina que nos ensina a tolerância e portanto não impõe estatutos humanos a sua divulgação, (2) a Internet tem um caráter extremamente livre e não respeita (em principio) as barreiras que os homens criam: fronteiras, nacionalidades, credos etc, o que torna impossível "controlar" qualquer tipo de centralização.

Em suma, a divulgação na internet deve ser livre, porem aqueles que querem divulgar o espiritismo devem ter a consciência da responsabilidade, procurando sempre saber as finalidades da divulgação e as suas conseqüências, porque a Internet não é só livre, ela é abrangente. E tal como podemos ver pelo comentário do David, ela atinge proporções globais, colocando o Espiritismo face a face com outras realidades.

A internet pode rapidamente colocar em contato os movimentos espíritas da Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Espanha, EUA, Franca, Guatemala, Inglaterra, Itália, Japão, México, Portugal, entre outros, devemos então aproveitar este grande potencial.

O grande movimento espírita no mundo e sem duvida o brasileiro, tanto em tamanho quanto em atividade, porem o Espiritismo é universal e é chegada a hora de divulgá-lo ao mundo através da internet, não só em uma língua mas em diversas, não só a partir de um ponto do planeta, mas sim de todos os pontos possíveis. Cada um de nos, do conforto de nossos lares pode dar uma palavra amiga, disponibilizar as atividades do seu centro, integrar-se em grupo de estudo e de discussão, ouvir palestras edificantes e oxalá em breve conversar face a face através do computador com pessoas que precisam ser reconfortadas.

Diante disto unamos os nossos ideais numa só corrente, o ideal da união fraterna e universal dos homens para a melhoria do próprio homem.

Muita Paz,

Sergio, Portugal.

(Publicado no Boletim GEAE Número 280 de 17 de Fevereiro de 1998)


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Espiritismo e a internet
Carlos Alberto Iglesia Bernardo

Caros Amigos,

Na questão do "Espiritismo e a Internet", levantada pelo Jacques e tão bem respondida pelo David e pelo Sergio (boletim 280), gostaria de colocar alguns comentários adicionais, algumas idéias que tem sido discutidas vez por outra nos boletins e que se relacionam com a questão.

O Espiritismo tem uma característica um pouco diferente de outras doutrinas e filosofias, ele é dinâmico. é uma doutrina aberta aos avanços científicos, as transformações sociais, as mudanças no panorama dos conhecimentos gerais do homem. Kardec assentou as bases de uma doutrina capaz de estar frente a frente com a razão e com a ciência em todas as épocas da humanidade. E ele estabeleceu tais bases firmando-as no estudo, na pesquisa, em uma nova visão do complexo relacionamento entre nós e o mundo que nos rodeia, tanto material quanto espiritual, visão profundamente enraizada na certeza de que o homem evolui e, na medida que o faz, adquire novas possibilidades de compreensão e conhecimento.

Eis porque o Espiritismo não pode estagnar, não pode fechar-se em um corpo ortodoxo, em uma "pureza doutrinaria" inatingível - porque suporia a capacidade de uma pessoa, ou instituição, englobar "todo" o conhecimento "possível" acerca da doutrina e ser capaz de discernir "sem falhas" quando algo novo é Espiritismo e quando não é. O Espiritismo é vivo, e se os últimos 150 anos só tem confirmado as bases que Kardec lhe deu, tem também lhe dado novos detalhes, novas nuances, que caracterizam que a doutrina não está parada no tempo - Quem na época de Kardec imaginaria os vastos panoramas da vida espiritual descortinados por André Luiz, Camilo Castelo Branco e tantos outros ?

Cremos que exista um núcleo comum entre todos os Espíritas: a Codificação Espírita levada a cabo por Kardec; os novos conhecimentos acrescentados neste século e meio de historia, reconhecidos de comum acordo por todos (por exemplo, a obra mediúnica de Francisco Candido Xavier). Mas alem desse núcleo, há as regiões de fronteira - onde o conhecimento se faz, se cria - que ainda não estão consolidadas, mas que com o tempo serão "incorporadas" ao conhecimento comum, que serão transformadas ou compreendidas mais claramente (a TCI por exemplo). Nessas regiões também colocaria as transformações resultantes da interação entre os Espíritas e as sociedades em que vivem, como por exemplo, a imensa obra assistencialista levada a cabo pelos Espíritas brasileiros e o seu aspecto "mais religioso" do que o apresentado pelo movimento espírita europeu.

Pois bem, eis mais um papel da Internet, um foro de discussão, de ligação entre todos que se dedicam ao estudo da doutrina, a pesquisa de suas novas fronteiras, a aplicação dos conhecimentos já firmados. A Internet elimina as barreiras físicas e estabelece a ligação que permite que as noticias corram rapidamente o mundo, que novas idéias sejam apresentadas e debatidas, que exemplos sejam conhecidos e seguidos,que resultados sejam checados e validados. Nela estamos todos próximos, todos em condição de conhecer o que se passa nos vários cantos deste nosso mundo.

A vida "na Internet" é sem duvida alguma um tanto mais "fria" que o contato humano direto, mas quem na nossa época tão agitada teria condições de dedicar-se continuamente - no mundo "real" - a trocar idéias com os irmãos que estão em outras cidades, em outros paises, e em outros continentes ? Como conseguir, com tanta eficiência, colocar em contato espíritas que residem nas Américas, na Europa, na Ásia, na África e na Oceania ? Como formar uma cultura espírita mundial, que sem descartar as nuances psicológicas de cada povo, é conseqüência direta do caráter universal dos ensinamentos dos Espíritos ?

Um outro aspecto importante é o seu papel de terreno neutro para os debates: Em que outro ponto poderíamos reunir, de maneira que apenas as idéias importem, uma comunidade tão heterogênea - um das provas da riqueza espiritual da doutrina - como é hoje a Espírita ?

Eis que na Internet conseguimos, de forma rotineira, ver trocas de idéias entre Espíritas com tendências religiosas, Espíritas com visão laica da doutrina, Espíritas voltados a uma atuação mais assistencialista, Espíritas mais dedicados aos aspectos científicos, Espíritas de temperamento místico, ... - Enfim todas as possibilidades de Espíritas decorrentes da infinita variedade de personalidades humanas com que Deus brindou a humanidade. Essa cooperação de pontos de vistas diferentes, essa aproximação de idéias, essa fraternidade nos estudos, não parece muito freqüente em outros terrenos !

O pensamento liberal, criação dos filósofos europeus no período das guerras religiosas entre católicos e protestantes, baseou-se na compreensão de que a razão humana é limitada, que as diferenças entre a visão de mundo que cada um tem, tornam impossível a uniformidade absoluta. A nós nos cabe fazer dessas diferenças uma oportunidade de crescimento e não de rixas intermináveis. Algo talvez difícil no nosso dia-a-dia, pois que normalmente convivemos com quem nos compartilha as idéias, mas perfeitamente possível na rede eletrônica.

Kardec nos recomendou "Espíritas, Instrui-vos" e a Internet é mais uma ferramenta para isso. Ferramenta excepcional que merece o nome de "espaço de comunicação" apresentado pelo Luiz no boletim 278.

Atenciosamente, Carlos Iglesia

(Publicado no Boletim GEAE Número 282 de 3 de março de 1998)


Ano Novo: As Esperanças se Renovam
Antonio Leite

Graças à Doutrina Espírita muitos dos segredos que envolviam o mistério da vida nos foram revelados. Dentre estes, o de que somos espíritos imortais e que aqui nos

encontramos para dar continuidade ao aprendizado que nos propusemos a pôr em prática, quando traçamos os planos para a nossa reencarnação.

Muito embora tenhamos hoje este conhecimento acerca da nossa perenidade, o que nos dá a certeza que teremos o tempo necessário para a concretização do nosso programa

de ação e gradativamente ir nos aperfeiçoando até atingir a meta final da perfeição, ainda assim, estamos inevitavelmente presos ao relógio do tempo.

Devemos encarar essa rotina do tempo que ainda nos domina, como mais uma oportunidade para recarregar as nossas baterias e continuar a jornada de luta em prol do nosso

próprio progresso espiritual. Assim devemos ver esses intervalos do tempo físico em que vivemos como espíritos encarnados e aproveitar esses preciosos momentos para

fazer uma reavaliação e traçar metas para o futuro.

A sucessão dos anos e a constante presença do Ano Novo em nossas vidas deve ser vista como mais uma oportunidade. É um momento oportuno para que avaliemos as ações

perpetradas no ano velho e tracemos metas para o ano que se inicia. É fundamental que não nos deixemos impressionar negativamente pelos equívocos de que fomos

eventualmente autores. Afinal de contas somos hoje sabedores de que como espíritos em marcha evolutiva, muito ainda temos que transpor para atingirmos um nível em que os

comprometimentos sejam eliminados. O importante é aceitar com humildade os erros cometidos procurando tirar lições dos mesmos e ter o firme propósito de não os cometer

novamente. Uma atitude de auto-acusação não é compatível com a visão que temos hoje do nosso Criador, que não nos condena.

Devemos dar graças a Deus pela oportunidade de sermos hoje conhecedores dos ensinamentos da Doutrina Consoladora. Ela veio ao mundo para nos revelar, à luz da razão e

do bom senso, a responsabilidade que pesa sobre os nossos ombros no tocante ao trabalho que devemos empreender para conquistarmos a plenitude da Paz Duradoura. A

Doutrina dos Espíritos veio tirar a venda dos nossos olhos, a qual criava obstáculos e nos impedia de ter uma visão coerente e racional sobre o Criador, nós mesmos, a

oportunidade redentora da vida e a inarredável RESPONSABILIDADE que cabe a cada um de nós pela conquista do progresso espiritual, até a completa redenção – a

PERFEIÇÃO.

Assim, devemos todos levantar os olhos aos céus e agradecer ao Criador por mais um ano de vida, trabalho e aprendizado. Que tenhamos a humildade e a serenidade de

reconhecer os nossos erros e pedir ao Pai e aos Espíritos Protetores que nos guiam, a força necessária para que não voltemos a incidir neles e com o firme propósito de nos

tornarmos melhores seres humanos, encaremos o ANO NOVO que se inicia como mais uma grande oportunidade.

Que a Paz verdadeira ensinada e vivida pelo Mestre Jesus seja a meta de todos nós no ano que se inicia.

Antonio Leite

Editor GEAE

(Publicado no Boletim GEAE Número 468 de 13 de janeiro de 2004)