terça-feira, 20 de janeiro de 2009
A Terra
ATerra é um magneto enorme, gigantesco aparelho cósmico em que fazemos, a pleno céu, nossa
viagem evolutiva.
Comboio imenso, a deslocar-se sobre si mesmo e girando em torno do Sol, podemos comparar
as classes sociais que o habitam a grandes vagões de categorias diversas.
De quando em quando, permutamos lugar com os nossos vizinhos e companheiros.
Quem viaja em instalações de luxo volta a conhecer os bancos humildes em carros de condição inferior.
Quem segue nas acomodações singelas, ergue-se, depois, a situações invejáveis, alterando as experiências
que lhe dizem respeito. Temos aí o símbolo das reencarnações.
De corpo em corpo, como quem se utiliza de variadas vestiduras, peregrina o Espírito de existência
em existência, buscando aquisições novas para o tesouro de amor e sabedoria que lhe constituirá divina
garantia no campo da eternidade.
Podemos, ainda, filosoficamente, classificar o Planeta, com mais propriedade, tomando-o por nossa escola
multimilenária.
Há muitos aprendizes que lhe ocupam as instalações, na expectativa inoperante, mas o tempo lhes cobra
caro a ociosidade, separando-os, por fim, de paisagens e criaturas amadas ou relegando-os à paralisia ou
à cristalização, em largos despenhadeiros de sombra.
Outros alunos indagam, dia e noite... e, com as perquirições viciosas, perdem os valores do tempo.
Imaginemos um educandário, em cuja intimidade comparecessem os discípulos de primária iniciação,
exigindo retribuições e homenagens, antes de se confiarem ao estudo das primeiras lições.
O menino bisonho não poderia reclamar esclarecimentos, quanto à congregação que dirige a casa de
ensino onde está recebendo as primeiras letras.
E, ante a grandeza infinita da vida que nos cerca, não passamos de crianças no conhecimento superior.
Vacilamos, tateamos e experimentamos, a fim de aprender e amealhar os recursos do Espírito.
Compete-nos, assim, tão-somente, um direito: – o direito de trabalhar e servir, obedecendo às disciplinas
edificantes que a Sabedoria Perfeita nos oferece, através das variadas circunstâncias em que a nossa vida
se movimenta.
Ninguém se engane, julgando mistificar a Natureza.
O trabalho é divina lei.
Pesquisar indefinidamente, na maioria das vezes é disfarçar a preguiça intelectual.
A vida, porém, é ciosa dos seus segredos e somente responde com segurança aos que lhe batem à porta
com o esforço incessante do trabalhador que deseja para si a coroa resplendente do apostolado no serviço.
Emmanuel
Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro. 10. ed., Rio de
Janeiro: FEB, 1998, cap. 8, p. 39, 40 e 41.
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