quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

ANGÚSTIA


Angústia
Autora: Vivi Mota

Ontem passei o dia meio angustiada, incomodada, sensação de que esta alguma coisa faltando, angustia acho que ninguém consegue explicar, só sabe quem sente.

Resolvi tentar conversar com alguém, uma pessoa de confiança, para tentar amenizar. Saio a procura eis que dou 3 passos e encontro mamãe. Acho que vai ser com ela mesmo (pensei), afinal conselho de mãe sempre é valioso.

Acredito, quando alguém resolve se abrir com outra pessoa, esta implícito um pedido de socorro, um pedido de me ajude a encontrar uma solução. Pena que mamãe não pensa assim, ela é um ser prático, fez engenharia, o que ela gosta mesmo é de calcular. Também existe outro motivo porque gosto de conversar ou de escrever, por que quando eu me escuto ou leio meus pensamentos fica mais fácil de entendê-los. Ao escutar minha própria voz já vem a solução na hora ou logo depois. Por isso falo demais, mais do que deveria.

Com 5 minutos de fala minha (nessa hora meu irmão já tinha entrando no recinto e estava a me escutar também com um olhar de que mulher complicada, graças a Deus que é minha irmã e não minha namorada) mamãe me olha e diz estou lendo um livro ótimo, você deveria ler , é sobre a problemática do SER, do destino e da dor. Então pensei com meus botões, então meu caso é serio, só o titulo do livro dar medo e o dito ainda tem mais de 500 paginas. A coisa é séria mesmo.

Não que eu não goste de ler, muito pelo contrario adoro, mas sinceramente não gostei da indicação, na verdade não era bem isso que estava querendo escutar. Então eu pedi;- mãe, mas o que tem de tão interessante nesse livro, a sra. podia me adiantar? .E ela respondeu objetivamente;- “O dever vem antes do direito”.

Comecei a me incomodar bastante. E o que isso tinha a ver comigo? . Mamãe está parecendo o Dalai Lama, e é um saco conversar com gente assim. Isso eu só pensei e continuei calada. Meu irmão começou a conversar comigo, ele sim tava com interesse em me ajudar, mas mamãe tava só querendo se mostrar eu acho.

Acabou a conversa e mamãe, para completar minha angustia, disse ;-”você devia era escrever um blog”. Eu me retirei do quarto com a certeza que mamãe já estava em um patamar mais elevado e não poderia me entender não. Porque para você conversar com outra pessoa é muito importante as duas estarem na mesma sintonia, no mesmo nível de elevação espiritual se não acabamos sem entender. Um exemplo disso foi Jesus Cristo que até hoje muitos não o entendem, nem a seus ensinamentos pois ele era um ser muito superior, filho de deus e para nosso humilde desenvolvimento espiritual fica difícil de entende-lo até hoje, mesmo depois de mais de 2000 anos.

Fui para o meu quarto e fiquei pensando. Adoro pensar. Afinal todo mundo sabe que o dever vem antes do direito. Ô besteira,pensei. Adoro esta palavra direito. É muito bom você encher a boca e dizer é meu direito. O direito que mais gosto é o direito de ir e vir. Este direito sempre eu me lembro.

Depois comecei a pensar em dever. Lembrei-me imediatamente de dever de casa, da época do colégio, ai, como eu odiava. Acho que eu sou a única pessoa que conheço que odiou a época de escola, era um martírio para eu ir à escola. Eu sofria mesmo com aquelas idas.

Comecei também a lembrar que quando eu era mais nova usava muito um jargão “não sou obrigada não”. Tudo que eu não queria fazer eu dizia não sou obrigada não. Sempre odiei ser obrigada a qualquer coisa, por melhor que fosse. Sempre adorei a liberdade de ir e vir, é muito bom.

Comecei a perceber que talvez eu gostasse mais dos meus direitos que dos meus deveres, ou melhor, acho que sou mulher dos direitos e não dos deveres. Isto é serio. Será este o problema?

Levantei fui fazer outras coisas, não queria mais pensar, odeio pensar. Mas não consegui fugir de mim mesma por muito tempo, quando me deitei para dormir voltei aos pensamentos. Comecei a relembrar o que eu já fiz de dever, obrigação. Lembrei umas coisas, que a mamãe me obrigava a fazer quando eu era criança, afinal acabei o ensino médio por obrigação, eu odiava ir a escola. Lembrei também de uma viagem que fiz com toda a família para Uberlândia que meu pai passava o tempo tirando foto minha e da minha irmã e eu com ódio. Quando foi revelada as fotos em todas elas eu estava com a boca torta fazendo careta. Olha. Mas quis relembrar de coisas mais recentes e vi que as obrigações iam diminuindo de acordo com o que eu ia ficando mais velha.

Quis ir mais longe e Sacrifício? Será que fiz algum na minha vida? Ta certo que ano passado fui morar na Amazônia por conta do trabalho do meu marido, mas não considero um sacrifício muito grande afinal eu quis ir ele disse para eu escolher, sacrifício que é sacrifício você faz sem gostar.

Olhe bem, não quero passar minha vida toda no sacrifício, mas acho que temos que fazer pelo menos um na vida.

Sou uma pessoa realmente que luta por meus direitos, mas talvez não goste muito dos deveres e pior eu fuja deles. Isso é serio.

É obrigada mãe, acho que descobri mais do que eu queria, talvez, pode ser que agora eu melhore ou piore quem sabe. Só sei que resolvi escrever o blog.

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