quinta-feira, 29 de janeiro de 2009





Adotarei o Amor

Khalil Gibran



Adotarei o amor por companheiro

e o escutarei cantando,

e o beberei como vinho

e o usarei como vestimenta.

Na aurora, o amor me acordará

E me conduzirá aos prados distantes.

Ao meio dia, conduzir-me-á à sombra das árvores

onde me protegerei do sol como os pássaros.

Ao entardecer conduzir-me-á ao poente

onde ouvirei a melodia da natureza

despedindo-me da luz,

e contemplarei as sombras

da quietude adejando no espaço.

À noite, o amor abraçar-me-á,

e sonharei com os mundos superiores

onde moram as almas dos enamorados

e dos poetas.

Na primavera andarei com o amor, lado a lado,

e cantaremos juntos entre as colinas;

E seguiremos as pegadas da vida,

que são as violetas e as margaridas;

e beberemos a água da chuva,

acumulada nos poços,

em taças feitas de narcisos e lírios.

No verão, deitar-me-ei ao lado do amor

sobre camas feitas com feixes de espigas,

tendo o firmamento por cobertor

e a lua e as estrelas por companheiras.

No outono, irei com o amor aos vinhedos

e nos sentaremos no lagar, e...

contemplaremos as árvores se despindo

das suas vestimentas douradas

e os bandos de aves migratórias

voando para as costas do mar.

No inverno, sentar-me-ei com o amor

diante da lareira e conversaremos

sobre os acontecimentos dos séculos

e os anais das nações e povos.

O amor será meu tutor na juventude,

meu apoio na maturidade,

e meu consolo na velhice.

O amor permanecerá comigo

até o fim da vida, até que a morte chegue,

e a mão de Deus nos reúna de novo

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